O papel das idealizações na interpretação pragmatista da tradição da Teoria Crítica
DOI:
https://doi.org/10.35920/arf.2018.v22i2.28-49Palavras-chave:
discussão prática, pragmatismo kantiano, Teoria Crítica, suposições idealizadoras.Resumo
O objetivo deste artigo é analisar a interpretação pragmatista da tradição da Teoria Crítica, e o papel que as idealizações neokantianas assumem nesta interpretação. Tentaremos mostrar que, em uma interpretação pragmatista, o cerne da Teoria Crítica consiste em uma tensão argumentativa vinculada à estruturação comunicativo-discursiva típica das sociedades democráticas contemporâneas, como estruturação que confere às discussões práticas um papel primordial na dinâmica social concreta. Partindo de uma análise das diferenças entre as perspectivas antiga e moderna de compreensão da discussão prática, procuramos mostrar que, no âmbito das discussões práticas modernas ou contemporâneas, as idealizações neokantianas assumem um papel central, definido através da oposição a fatores objetivos ou objetivados, alheios à racionalidade, que admitidamente afetam tais discussões. Nesse contexto, as idealizações neokantianas se configuram como suposições idealizadoras, com as quais os participantes das discussões não podem deixar de em alguma medida se comprometer.
Abstract
The aim of this paper is to analyze the pragmatist interpretation of Critical Theory, and the role that the neo-kantians idealizations assume in this interpretation. We argue that, in the pragmatist interpretation, the core of Critical Theory is located in an argumentative tension linked to the communicative and discursive structuring typical of the contemporary democratic societies, as a structuring which gives to the practical discussions a primordial role in the concrete dynamics of society. Starting from an analysis of the differences between the ancient and the modern perspectives of comprehension of practical discussion, we argue that, in the context of the modern or contemporary practical discussions, the neo-kantians idealizations assume a key role, defined by the opposition to objective or objectified elements, which are alien to rationality, and affect such discussions. In this context, the neo-kantians idealizations take the figure of idealizing suppositions, with which the participants cannot help engaging.
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