Comércio e sociabilidade: a economia política nas décadas de 1750 e 1760
DOI:
https://doi.org/10.35920/arf.2018.v22i2.50-83Palavras-chave:
sociabilidade, comércio, valor, mercado, espontaneidadeResumo
As décadas de 1750 e 1760 foram decisivas para a formação do que hoje entendemos por ciência econômica. Uma das noções centrais a tomar forma nesse período foi a do mercado como uma ordem espontânea. O artigo defende que essa ideia tem origem no modo como os economistas desse período reformularam a tese da sociabilidade natural dos seres humanos, assumindo o comércio como o local privilegiado de sua operação. Essa tese é o pano de fundo dos debates a propósito da teoria do valor ao longo da década de 1760 e que, em larga medida, caracterizarão a ciência econômica a partir de então. São analisadas as obras de Forbonnais, de Tucker, de Gournay, da fisiocracia e de Turgot.
Abstract
The decades of 1750 and 1760 were the founding years of modern economics. One of the central notions to take shape in this period was the idea of the market as a spontaneous order. This paper defends that this idea has its origins in the way the economists of the period reformulated the thesis of the natural sociability of humankind, by assuming commerce as the privileged place of its operations. This thesis offers the background of the 1760’s debate on value that characterizes economics from that time on. The works of Forbonnais, Tucker, Gournay, Physiocracy and Turgot are analised.
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