Seguir regras e significado: o argumento cético-semântico revisitado

Autores

  • Vinicius de Faria dos Santos UFRRJ

DOI:

https://doi.org/10.35920/arf.2018.v22i2.144-173

Palavras-chave:

ceticismo, Wittgenstein, Significado, Normatividade.

Resumo

No presente artigo proponho-me a reconstruir, o mais claramente possível o “paradoxo cético” a partir do modo como apresentado por Saul Kripke em seu Wittgenstein on Rules and Private Language (1982). Seu argumento sustenta que não há fatos ou razões que justifiquem nosso emprego de termos como dotados de significados. Para tanto, interponho as distinções que julgo pertinentes à adequada compreensão do tema, formulando os requisitos necessários à sua adequada resposta, a saber, o ontológico, o normativo e o da identificação extensional no tempo. Ao final, contrasto o ceticismo ora objeto de análise com sua versão epistemológica clássica.


Abstract

In the present paper I propose to rebuild as clearly as possible the “skeptical paradox” from the way presented by Saul Kripke in his Wittgenstein on Rules and Private Language (1982). His argument maintains that there are no facts or reasons justifying our use of terms as having meaning. Therefore, I interpose the distinctions that I consider relevant to the proper understanding of the subject and I formulate the requirements necessary for its proper response, namely the ontological, the normative and the extensional identification in time. Finally, I contrast semantic skepticism with its classical epistemological version.

Referências

ALCOFRADO, P.; DUARTE, A.B.; WYLLIE, G. 2012. Os primeiros Escritos Lógicos de Frege. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio”.

ALSTON, W. 1964. Philosophy of Language. USA: Prentice-Hall International. ALSTON, W. 1972. Filosofia da Linguagem. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores. Coleção “Curso Moderno de Filosofia”.

AUSTIN, J.L. 1962. How to do Things with words. Oxford: Oxford University Press.

BOGHOSSIAN, P. 1989. The Rule-Following Considerations. In: MILLER, A. WRIGHT, C. (Org.). 2002. Rule-following and Meaning. 141-187. Montreal & Kingston: McGill Univerity Press. https://doi.org/10.1017/upo9781844653355.009

BOGHOSSIAN, P. 1990. The Status of Content. Philosophical Review XCIX. https://doi.org/10.2307/2185488

CHISHOLM. R. M. 1977. Theory of Knowledge. 3a ed. Prentice-Hall International. CRANE, T. 2003. The Mechanical Mind. Londres: Routledge.

https://doi.org/10.4324/9780203426319

DAVIES, D. 1998. How ‘Sceptical’ is Kripke’s ‘Sceptical Solution’? Philosophia 26(1): 119-140. https://doi.org/10.1007/bf02380061

DAVIES, M. 2007. Filosofia da Linguagem. In: BUNNIN, N.; TSUI-JAMES, E.P. Compêndio de Filosofia. 2a ed. São Paulo: Loyola.

DEROSE, K. 1999. Responding to Skepticism. In: DEROSE, K.;

WARFIELD, T.A. Skepticism: A Contemporary Reader. Oxford: Oxford University Press.

DESCARTES, R. 1983. Discurso do Método; Meditações Metafísicas; Objeções e Respostas; As Paixões da Alma; Cartas. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Junior. 3a ed. São Paulo: Abril Cultural, Coleção “Os Pensadores”.

FAUSTINO, S. 1995. Wittgenstein, o Eu e sua Gramática. São Paulo: Ática.

FIGUEIREDO, N. M. 2009. Estudo sobre Regras e Linguagem Privada: A divergência de interpretações sobre a noção de regras nas Investigações Filosóficas. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: USP.

FILHO, S.F. de S. 2013. Seguir Regras e Naturalismo Semântico. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Programa de Pós-graduação em Lógica e Metafísica (Filosofia). Rio de Janeiro: UFRJ.

FINE, K. 2007. Semantic Relationism. USA: Blackwell Publishing. https://doi.org/10.1002/9780470690826

FREGE, G. 1892a. Sobre o Conceito e o Objeto. In: Lógica e Filosofia da Linguagem. 2009.Tradução de Paulo Alcofrado. São Paulo: EdUSP.

FREGE, G. 1892b. Sobre o Sentido e a Referência. In: Lógica e Filosofia da Linguagem. 2009. Trad. de Paulo Alcoforado. São Paulo: EdUSP.

GIBBARD, A. 2012. Meaning and Necessity. Oxford: Oxford University Press. GIBSON, R. 1982. The Philosophy of W. V. Quine: An Expository Essay. Tampa: University of South Florida Press.

GRICE, P. 1957. Meaning. In. Studies in the Way of Words. 1989. 213-223. Cambridge,MA: Harvard University Press.

GRICE, P. 1967. Utterer’s Meaning, Sentence-Meaning and Word-Meaning. In: 1989. Studies in the Way of Words. 117-137. Cambridge, MA: Harvard University Press.

HACKER, P.M.S. 1997. Wittgenstein on Human Nature. Londres: Phoenix. HACKER, P.M.S. 2000. Wittgenstein sobre A Natureza Humana. Tradução de João Vergílio. São Paulo: EdUNESP. Coleção “Grandes Filósofos”.

HEAL, J. 1995. Wittgenstein and Dialogue. In: SMILEY, T. (ed.). Philosophical Dialogues: Plato, Hume, Wittgenstein. Oxford: Oxford University Press.

HORWICH, P. 1982. Three Forms of Realism. Synthese 51(2): 181-201.

https://doi.org/10.1007/bf00413827

HUME, D. 2003. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: EdUNESP.

HYLTON, P. 2007. Quine. Nova York: Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203962435

KRIPKE, S. 1982. Wittgenstein on Rules and Private Language: An Elementar Introduction. Oxford, UK: Blackwell Publishers.

KRIPKE, S. 2006. Wittgenstein a Propósito de Reglas y Lenguaje Privado

Tradução de Jorge Rodríguez Marqueze. Madri: Editorial Tecnos.

KUSCH, M. A. 2006 Sceptical Guide to Meaning and Rules: Defending Kripke’s Wittgenstein. UK: Acumen. https://doi.org/10.4324/9781315478852

LYCAN, W. G. 2008. Philosophy of Language: A Contemporary Introduction. 2a ed. Londres/Nova York: Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203930007

MARCONDES, D. 2005. Ceticismo, Filosofia Cética e Linguagem. In: SILVA FILHO, W.J. (org.). O Ceticismo e a possibilidade da filosofia. 134-158. Ijuí: Ed. UNIJUÍ. Coleção “Filosofia”.

McDOWELL, J. 2009. Wittgensteinian Quietism. Common Knowledge Journal 15(3): 365-372. https://doi.org/10.1215/0961754x-2009-018

MILLER, A. 2007. Philosophy of Language. 2a ed. Londres/Nova York: Routledge. https://doi.org/10.4324/9781351265522

MILLER, A. 2010. Filosofia da Linguagem. Tradução de Evandro Lins Gomes e Christian Dit Maillard. São Paulo: Paulus.

MOORE, G.E. 1953. Propositions. In: Some Main Problems of Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press.

MULLIGAN, K (2013). Facts. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: http://plato.stanford.edu/entries/facts/. Acesso em 05/04/2015.

POPKIN, R. 1997. Modern Scepticism. In: DANCY, J.; SOSA, E.; STEUP, M. A. (orgs). Companion to Epistemology. Oxford: Wiley-Blackwell.

POPKIN, R. 2008. Ceticismo moderno. In DANCY, J.; SOSA, E.; STEUP, M. A. (orgs). Compêndio de Epistemologia. Tradução de Alessandra Siedschlag Fernandes, Rogério Bettoni. São Paulo: Loyola.

PUTNAM, H. 1981. Reason, Truth and History. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/cbo9780511625398

RAATIKAINEN, P. 2014. Realism: Metaphysical, Scientific, and Semantic. In WESTPHAL, K.R. (org.). Realism, Science and Pragmatism. Oxford: Routledge.

RITCHIE,J.2012.Naturalismo.TraduçãodeFab́ ioCreder.Petrópolis:Vozes.

RUSSELL, B. 2008. Os problemas da Filosofia. Tradução e Introdução de Desidério Murcho. Lisboa: Edições 70.

RUSSELL, B. 1989. A Filosofia do Atomismo Lógico. In: Ensaios Escolhidos. Seleção de Hush M. Lacey. Tradução de Pablo Rubén Mariconda. 53-135. São Paulo: Nova Cultural. Coleção “Os Pensadores”.

SEARLE, J. 1965. What is a Speech-Act? In BLACK, M (Ed.). Philosophy in America. Londres: Allen and Unwin.

SEARLE, J. 1969 Speech-Acts. Cambridge: Cambridge University Press.

SIQUEIRA, E.G. de. 2009. Como Ler o Álbum? Pela composição de vozes que nele se deixam ouvir. In: MORENO, A.R. (org.) Wittgenstein –Como ler o álbum? 183-204. Campinas: Coleção CLE-UNICAMP, v.55.

SOAMES, S. 1998. Skepticism about meaning: Indeterminancy, normativity and Rule-following paradox. Canadian Journal of Philosophy 23: 211-249. https://doi.org/10.1080/00455091.1997.10715967

STERN, D. 2004. Wittgenstein’s Philosophical Investigations: An Introduction. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9781139167185

STERN, D. 2012. As Investigações Filosóficas de Wittgenstein: uma introdução. Tradução de Marcelo Carvalho e Fernando L. Aquino. São Paulo: Annablume.

STRAWSON, P.F. 1971. Significação e Verdade In: STRAWSON, P.F. et al. Ensaios. 1989. Seleção de textos Oswaldo Porchat de Assis Pereira; Tradução de Balthazar Barbosa Filho et al. 4a ed. 221-235. São Paulo: Nova Cultural. Coleção “Os Pensadores”.

STRAWSON, P.F. 1995. Wittgenstein on Mind and Language. Oxford: Oxford University Press.

STROUD, B. 1984. The Significance of Philosophical Scepticism. Oxford: Oxford University Press.

WILSON, G. 2002. Kripke on Wittgenstein on Normativity. In MILLER &

WRIGHT (Org.). Rule-following and Meaning. 234-259. Montreal /Kingston: McGill-Queen's University Press. https://doi.org/10.1017/upo9781844653355.012

WILSON, G. 1998. Semantic Realism and Kripke’s Wittgenstein. Philosophy and Phenomenological Research 58(1): 99-122. https://doi.org/10.2307/2653632

WITTGENSTEIN, L. 1999. Investigações Filosóficas. Tradução José Carlos Bruni. São Paulo: Nova Cultural. Coleção “Os Pensadores”.

WITTGENSTEIN, L. 2001. Tractatus Logico-philosophicus. Tradução, Apresentação. e Ensaio Introdutório de Luis H. L. dos Santos. São Paulo: EdUSP.

WITTGENSTEIN, L. 2007. Últimos Escritos sobre a Filosofia da Psicologia. Tradução de João Tiago Proença, António Marques e Nuno Venturinha. Lisboa: Calouste Gulbenkian.

WRIGHT, C. 1984. Kripke’s Account of the Argument against Private Language. The Journal of Philosophy 81(12): 759-778. https://doi.org/10.2307/2026031

ZALABARDO, J. 1997. Kripke's Normativity Argument. In: MILLER, A. WRIGHT, C. (Org.). 2002. Rule-following and Meaning. 274-293.Montreal e Kingston: McGill-Queen's University Press. https://doi.org/10.1017/UPO9781844653355.014

Downloads

Publicado

2020-08-05