Eternidade de Deus e eternidade do mundo em Boécio
Resumo
A questão da eternidade faz parte do discurso filosófico desde os primeiros pensadores gregos. Parmênides já afirmava que o Ser é, ou seja, Ele não nasce, nem morre: Ele é eterno. Mas o problema da eternidade torna-se mais intenso quando se trata explicitamente da divindade, dado que a eternidade constitui uma propriedade essencial a Deus. No mundo cristão, Agostinho expõe, nasConfissões, uma concepção da eternidade, que tornar-se-á uma referência incontornável para os autores ulteriores. O outro grande modelo cristão é o de Boécio, nos séculos V-VI d.C., cuja definição clássica da eternidade é retomada, entre outros, por Tomás de Aquino na sua Suma Teológica. Sua descrição diz respeito essencialmente a Deus, ainda que tenha tido repercussão em relação ao mundo. No presente artigo, examinamos, de maneira detalhada, essa definição boeciana da eternidade, que exerceu uma grande influência no pensamento dos séculos ulteriores até hoje, sobretudo a questão da eternidade relacionada ao mundo, que foi um tema de predileção nos últimos séculos da Idade Média. Nosso estudo mostra que a conclusão, à qual chega Boécio, de que apenas Deus é eterno e de que Ele se relaciona com o mundo em um presente absoluto, não é isenta de dificuldades e elimina, sobretudo, a concepção grega de um mundo eterno.
Abstract
The issue of eternity has taken part in the philosophical discourse since the first Greek thinkers. Parmenides had already affirmed that Being is, in other words, that Being does not come to be, neither perishes: being is eternal. But the problem of eternity becomes more intense, when it explicitly concerns divinity, given that eternity constitutes an essential property of God. Within the Christian world, Augustine presents, in the Confessions, a conception of eternity which will turn into an unavoidable reference for the ulterior authors. The other main Christian model is the one of Boethius´s, in the V-VI a.C centuries, whose classical definition of eternity is resumed, among others, by Thomas Aquinas in his Summa Theologica. His description is essentially concerned with God, although it has had repercussion regarding the world. In this article I examine in detail Boethius's definition of eternity, which was of a great influence from the thought of the ulterior centuries up to nowadays, especially the question of eternity as related to world, which has been a favorite theme in the last centuries of the Middle Ages. Our study shows that the conclusion arrived by Boethius, according to which only God is eternal and is related to the world in an absolute present, it is not exempt of difficulties and eliminates, above all, the Greek conception of an eternal world.
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