Linguagem e verdade em Leibniz e Hobbes
Resumo
É bem conhecida a crítica que Leibniz dirige à concepção de Hobbes sobre a verdade, ou ao menos o que ele interpreta ser esta concepção. De acordo com o primeiro, partindo da tese inicial de que as defi nições se instituem por arbítrio, Hobbes teria concluído que também as sentenças verdadeiras, que se enunciam com base naquelas definições, estariam eo ipso fundadas no arbítrio. Por outro lado, é igualmente conhecida a caracterização leibniziana de verdade, comumente designada como intensional. Consoante uma tal caracterização, a verdade consistiria na inclusão da noção do predicado da proposição naquela do seu sujeito. O objetivo do presente trabalho consiste em buscar na crítica de Leibniz a Hobbes elementos que permitam melhor compreender as razões que conduziram o primeiro à sua própria concepção de verdade. Trata-se de tentar melhor divisar os pressupostos subjacentes àquela crítica, bem como o que, a partir dela, Leibniz crê ser a saída para evitar o que estima ser uma difi culdade no pensamento hobbesiano. E isso, claro, com o objetivo de melhor explicitar como esses elementos se articulam à própria concepção leibniziana de verdade, permitindo lançar alguma luz sobre as razões que levaram o autor da Monadologia a adotá-la.
Abstract
Leibniz' criticism of Hobbes conception of truth is well known. According to him, Hobbes would have equivocally believed truth to be a result of the arbitrariness inherent to the defi nitions made by man. Leibniz argues that, according to Hobbes, since defi nitions are arbitrarily constructed and propositions are made through the combination of names in accordance to their defi nitions, propositions must be as arbitrary as defi nitions are. On the other hand, Leibniz' conception of truth, commonly named as "intentional", is also well known. In conformity with this conception, a proposition is true if the notion of its predicate is contained in that of its subject. My aim in this article is to identify some elements of the aforementioned criticism of Hobbes which could shed some light on the reasons that led Leibniz to adopt his intentional conception of truth. More specifically, I will try to identify some conclusions that Leibniz drew about the Hobbesian conception, and, on their basis, identify what he thought to be the way of preventing the errors he attributes to Hobbes. In doing this, I believe we can render more clear the reasons that conducted the author of the Monadology to adopt his conception.
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