A recusa da definição de homem como animal racional na Segunda Meditação (primeira parte)
Resumo
Este artigo prolonga a análise do argumento apresentado por Descartes em favor da primeira certeza no início da Segunda Meditação, iniciada em um artigo anterior. É examinada a passagem subsequente ao referido argumento com vistas a estabelecer que sua compreensão aponta para um debate velado entre Descartes e seus leitores versados na doutrina escolástica, mais particularmente nas concepções da definição como estruturada pela composição do gênero e da diferença e de específica e de conceito universal abstrato. Procuro mostrar que as razões que Descartes dispõe para recusar essas concepções podem ser extraídas de certa interpretação do argumento em favor da certeza da proposição eu existo e que essa recusa é imprescindível para a compreensão adequada do penso, logo existo e, portanto, de seu argumento em favor do dualismo.
Résumé
Cet article prolonge l´analyse, publiée dans un article précédent, sur l´argumentation cartésienne qui le conduit à la première certitude au début de la Seconde Méditation. Je propose une interprétation du passage, qui vient juste après cet argument, où Descartes décline la réponse « animal rational » à la question sur sa nature. Ce passage, comme j´essaierai de le montrer, cache un dialogue masqué entre l'auteur et ses lecteurs ayant une formation scolastique. Plus particulièrement, il s´agit de montrer que la critique de Descartes vise de façon plus générale la conception de la définition par genre et différence spécifique, ainsi que la notion de concept en tant qu'universel abstrait. Les raisons qui peuvent justifier cette critique et la rendre plus qu'un simple préjugé de la part de Descartes sont ici puisées dans l´interprétation de l´argumentation cartésienne en faveur de la première certitude, proposée auparavant. On verra alors que la compréhension correcte de ce qui est en question dans ce texte révèle une condition capitale et pour l´acceptation du je pense, donc j´existe et donc pour son raisonnement en faveur du dualisme.
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