Pourquoi Descartes se défiait-il des promesses?
Palavras-chave:
Descartes 1/ Descartes 2, promessa, voto, contratos, resoluções, impostura, fidelidade, conversão, “espírito fraco”, “espírito forte”, poder absoluto, liberdade de indiferença, “Deus enganador”, “criação das verdades eternas”, “criação continuada”Resumo
Na terceira parte do Discurso do Método, Descartes desvaloriza as "promessas" e valoriza as "resoluções". Nós propomos reler o conjunto do sistema cartesiano, assim como numerosos episódios da vida de Descartes, à luz dessas duas orientações, contrárias e no entanto sempre simultâneas, em Descartes. Descartes valoriza assim a "fidelidade", mas também a possibilidade de "conversões", religiosas ou comportamentais; ele considera que os homens se hierarquizam em "espíritos fracos" (para os quais são feitas as "promessas", os "votos" e os "contratos") e em "espíritos fortes" (capazes de "firmes e constantes resoluções" sem suplementos de promessas), mas também que os homens são "iguais" por seu "bom senso" (quer dizer, por sua capacidade de distinguir o verdadeiro do falso) e por sua "liberdade" (igual, pois infinita em todos). As noções tipicamente cartesianas de "liberdade de indiferença", de "criação das verdades eternas" e de "criação continuada" envolvem todas, quando examinadas, essa mesma ambivalência entre valorização e desvalorização das promessas. O horizonte destas análises é ao mesmo tempo a produção de uma leitura original e exata de Descartes, e a manifestação da dimensão intrinsecamente indecidível e aporética de toda "promessa".
Abstract
Dans la troisième partie du Discours de la Méthode, Descartes dévalorise les « promesses » et valorise les « résolutions». Nous proposons de relire l'ensemble du système cartésien, ainsi que de nombreux épisodes de la vie de Descartes, à la lumière de ces deux orientations, contraires et pourtant toujours simultanées, chez Descartes. Descartes valorise ainsi la « fidélité », mais aussi la possibilité de « conversions », religieuses ou comportementales; il considère que les hommes se hiérarchisent en « esprits faibles » (pour lesquels sont faites les « promesses », les « voeux » et les « contrats ») et en « esprits forts » (capables de « fermes et constantes résolutions » sans suppléments de promesses), mais aussi que les hommes sont « égaux » par leur « bon sens » (c'est-à-dire par leur capacité de distinguer le vrai du faux) et par leur « liberté » (égale car infinie en tous). Les notions typiquement cartésiennes de « liberté d'indifférence », de « création des vérités éternelles » et de « création continuée » enveloppent toutes, à l'examen, cette même ambivalence entre valorisation et dévalorisation des promesses. L'horizon de ces analyses est à la fois la production d'une lecture originale et exacte de Descartes, et la mise en évidence de la dimension intrinsèquement indécidable et aporétique de toute « promesse ».
Recebido em 06/2009
Aprovado em 09/2009
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