Substância e objeto: a ontologia cartesiana

Autores

  • Marco Antonio Valentim Universidade Federal do Paraná

Palavras-chave:

substância, objeto, atributo, distinção real, distinção de razão, essência, existência, substance, object, attribute, real distinction, distinction of reason, essence, existence.

Resumo

Pretendemos investigar o conceito cartesiano de substância, tendo em vista o seu caráter controverso testemunhado por diferentes interpretações. Lendo a Definição V das Segundas Respostas, constatamos que Descartes define substância por contraposição ao ser dos objetos nas idéias do entendimento humano. De acordo com isso, procuramos então esclarecer o estatuto ontológico dos atributos, objetivamente dados, em sua relação real de dependência à substância. Disso concluímos em favor de uma distinção real entre substância e atributo. Na seqüência, discutimos a tese, explicitamente afirmada por Descartes nos Artigos LXII e LXIII da primeira parte dos Princípios da filosofia, segundo a qual a distinção entre a substância e o seu atributo essencial é uma distinção de razão. Numa tentativa de conciliar aquela conclusão com essa tese, interpretamos uma carta de Descartes (a***, de 1645 ou 1646) na qual a teoria das distinções desenvolvida nos Princípios é submetida a uma espécie de revisão para o esclarecimento da distinção entre essência e existência como uma distinção entre modos de ser.

 

Abstract

We intend to investigate the cartesian concept of substance, considering its controversial character attested by different interpretations. Reading the Definition V of the Second Replies, we notice that Descartes defines substance in opposition to the being of the objects in the ideas of the human understanding. According to this, we try to make clear the ontological status of the attributes, objectively given, in their real relation of dependence to the substance. From this we assume that there is a real distinction between substance and attribute. Then we discuss the thesis, explicitly affirmed by Descartes in the Articles LXII and LXIII of the first part of the Principles of Philosophy, according to which the distinction between substance and attribute is a distinction of reason. Trying to conciliate that assumption with this thesis, we interpret a Descartes' letter (to ***, from 1645 or 1646) in which the theory of distinctions developed in the Principles is submitted to a kind of revision in order to clarify the distinction between essence and existence as a distinction between modes of being.

Recebido em 08/2009
Aprovado em 12/200


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Publicado

01-08-2013