Sobre o Jovem Wittgenstein e a Filosofia Crítica: Schopenhauer no Tractatus
DOI:
https://doi.org/10.35920/1414-3004.2021v25n2-2p8-26Palavras-chave:
Wittgenstein, Schopenhauer, solipsismo, ética.Resumo
Resumo
Ainda que Schopenhauer não seja nominalmente referido no Tractatus, não há dúvida razoável de que ele esteja ali presente, particularmente nos aforismos sobre o solipsismo e a ética. Nesses aforismos, Wittgenstein apropria-se de várias teses e movimentos argumentativos que encontra em O Mundo como Vontade e Representação, mas faz uso deles para seus próprios fins filosóficos. Ao serem deslocados de seu
contexto original ao contexto do Tractatus, eles mudam radicalmente de sentido e são incorporados a um percurso crítico lógico que resulta em uma visão dos temas tradicionais da metafísica e da ética muito diferente daquela que resulta do percurso epistemológico de Schopenhauer em O Mundo como Vontade e Representação. A análise minuciosa desse deslocamento distorcivo pode, por contraste, ensinar algo importante a respeito da singularidade de cada um desses percursos críticos.
Abstract
Although Schopenhauer is not mentioned by name in Wittgenstein’s Tractatus, there is no reasonable doubt that he is there, particularly in the aphorisms about solipsism and ethics. In these aphorisms, Wittgenstein appropriates several theses and argumentative movements that he finds in The World as Will and Representation, but uses them for his own philosophical purposes. When displaced from their original context to the context of the Tractatus, their meaning changes radically and they are incorporated into a logical critical path that results in a vision of the traditional themes of metaphysics and ethics very different from the one that results from Schopenhauer’s epistemological path in The World as Will and Representation. The detailed analysis of this kind of distorting displacement can, by means of contrast, teach us something important about the uniqueness of each of these critical paths.
Referências
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