As infelicidades de um nobre desgraçado: Jerónimo de Melo e Castro, capitão-mor da Paraíba. Elites, negócios e governança nas capitanias do Norte do Estado do Brasil (c.1764-1797)
Palavras-chave:
Império Português, Capitania da Paraíba, elites locais,Resumo
Na segunda metade do século XVIII, os territórios das capitanias do Norte do Estado do Brasil foram, por resolução real, anexados administrativamente ao governo de Pernambuco. No caso da Capitania Real da Paraíba, a anexação perdurou por quarenta anos e institucionalizou redes sociais a muito estabelecidas entre as elites da Paraíba e suas congêneres da vizinha Pernambuco. Este artigo visa uma observação micro-analítica das conseqüências da chamada política de capitanias anexas a partir da dinâmica das elites locais da Paraíba, inseridas no contexto do Império Português de Setecentos, contemplando, por outro lado, as relações que conformaram seus vínculos com Pernambuco, precisamente com os governadores-generais desta capitania e os negociantes da Praça do Recife. Na defesa de seus negócios, inseridos nos circuitos mercantis do Recife, essas elites locais não deixaram, inclusive, de enfurecer-se contra o próprio governador da Paraíba, agravando as tensões e invasões de jurisdições num governo subordinado.Referências
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