As infelicidades de um nobre desgraçado: Jerónimo de Melo e Castro, capitão-mor da Paraíba. Elites, negócios e governança nas capitanias do Norte do Estado do Brasil (c.1764-1797)

Autores

  • José Inaldo Chaves Jr. Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Império Português, Capitania da Paraíba, elites locais,

Resumo

Na segunda metade do século XVIII, os territórios das capitanias do Norte do Estado do Brasil foram, por resolução real, anexados administrativamente ao governo de Pernambuco. No caso da Capitania Real da Paraíba, a anexação perdurou por quarenta anos e institucionalizou redes sociais a muito estabelecidas entre as elites da Paraíba e suas congêneres da vizinha Pernambuco. Este artigo visa uma observação micro-analítica das conseqüências da chamada política de capitanias anexas a partir da dinâmica das elites locais da Paraíba, inseridas no contexto do Império Português de Setecentos, contemplando, por outro lado, as relações que conformaram seus vínculos com Pernambuco, precisamente com os governadores-generais desta capitania e os negociantes da Praça do Recife. Na defesa de seus negócios, inseridos nos circuitos mercantis do Recife, essas elites locais não deixaram, inclusive, de enfurecer-se contra o próprio governador da Paraíba, agravando as tensões e invasões de jurisdições num governo subordinado.

Biografia do Autor

José Inaldo Chaves Jr., Universidade Federal Fluminense

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH/UFF). Graduou-se em História na Universidade Federal da Paraíba. É bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/MEC)

Referências

ABREU, Martha; SOIHET, Rachel & GONTIJO, Rebeca (orgs.). Cultura política e leituras

do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2007.

ALDEN, Dauril. Late Colonial Brasil, 1750-1808. In.: BETHELL, Leslie (org.). Colonial

Brazil. Cambridge, Cambridge University Press, 1987.

BARTH, Fredrik. Models of social organization (I, II e III). In.: Process and form in social

life: Select Essays of Fredrik Barth. London, Boston, Herley, Routledge e Kegan Paul,

BELL, Duran. Reciprocity as generating Process of Social Relations. Journal of

Quantitative Anthropology. 3, 1991.

BERTRAND, Michel. Grupo, Clase o Red Social? Hierramientas y debates en torno de la

reconstrución de los modos de sociabilidade em las sociedades del Antiguo Régimen. In.:

CASAÚS ARZÚ, Marta Elena; PÉREZ LEDESMA, Manuel (Eds.). Redes Intelectuales y formación de naciones em España y América Latina (1890-1940). Madrid, Universidad

Autónoma de Madrid, 2004.

BICALHO, Maria Fernanda. A cidade e o império. O Rio de Janeiro no século XVIII. Rio

de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003.

_________, Maria Fernanda B. As Câmaras Municipais no Império Português: o exemplo do

Rio de Janeiro. Revista Brasileira de História. Vol. 18, nº 36, São Paulo, 1998.

_________, Maria Fernanda & FERLINI, Vera Lúcia A. (orgs.). Modos de governar: idéias

e práticas políticas no império português. Séculos XVI-XIX. São Paulo, Alameda, 2005.

BOXER, Charles. O império marítimo português. 1415-1825. Trad. Anna Olga de Barros

Barreto. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.

CAMPOS, Maria Verônica. Governo de Mineiros. De como meter as Minas numa

moenda e beber-lhe o caldo dourado. 1693-1737. São Paulo, Programa de Pós-Graduação

em História Social/USP, 2002 (Tese de doutoramento).

CASTRO, Julio De Mello de Historia panegyrica da vida de Dinis de Mello de Castro,

primeyro Conde das galveas do concelho... Lisboa, Officina de Joseph Manescal Impressor,

DUTRA, Eliana. História e cultura política. Definições, usos e genealogias. Varia História,

nº. 28, Dezembro/2002.

FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda & GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O

Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio

de Janeiro, Civilização Brasileira, 2010.

_________, João. A nobreza vive em bandos. A economia política das melhores famílias da

terra do Rio de Janeiro, século XVII. Algumas notas de pesquisa. Tempo - Revista do

Departamento de História da UFF, Niterói, v. 8, n.15, p. 11-35, 2003.

FRAGOSO, João Fragoso & FLORENTINO, Manolo. O arcaísmo como projeto. Mercado

atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia. Rio de

Janeiro, c.1790 – c. 1840. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001.

GAYO, M. J. C. Felgueiras. Nobiliário de Famílias de Portugal. Vol. IV Costados. Braga,

Oficina Gráfica Augusto Costa, 1942.

GONÇALVES, Regina Célia. Guerras e Açúcares. Política e economia na Capitania da

Parayba – 1585-1630. Bauru/SP, EDUSC, 2007.

HESPANHA, Antonio Manuel. Depois do Leviathan. Almanack braziliense. nº 05,

maio/2007.

___________, Antonio Manuel (coord.). História de Portugal. O Antigo Regime. V. 4.

Lisboa, Editorial Estampa, 1994.

___________, Antonio Manuel. As vésperas do Leviathan. Instituições e poder político.

Portugal: século XVII. Coimbra, Livraria Almedina, 1994.

HEINZ, Flávio (org.). Por outra história das elites. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2006.

MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca na sociedades arcaicas. In.:

___________. Sociologia e Antropologia. Com uma introdução à obra de Marcel Mauss, de

Claude Lévi-Strauss. Tradução de Lamberto Puccinelli. São Paulo, EPU, 1974.

MENEZES, Mozart Vergetti de. Colonialismo em ação. Fiscalismo, Economia e Sociedade

na Capitania da Paraíba, 1647-1755. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de PósGraduação em História Econômica da USP. São Paulo, 2005.

MONTEIRO, Nuno; CARDIM, Pedro & CUNHA, Mafalda Soares da (orgs.). Optima Pars.

Elites Ibero-americanas do Antigo Regime. Lisboa, ICS, 2005.

___________, Nuno G. F. O “Ethos” Nobiliárquico no final do Antigo Regime: poder

simbólico, império e imaginário social. Almanack braziliense, nº 02, novembro/2005.

OLIVEIRA, Elza Regis de. A Paraíba na crise do século XVIII. Subordinação e

autonomia (1755-1799). 2ª ed. João Pessoa, Editora Universitária/UFPB, 2007.

REVEL, Jacques (org.). Jogos de Escala. Experiência da Microanálise. Rio de Janeiro,

Fundação Getúlio Vargas, 1998.

RUSSEL-WOOD, A. J. R. Centros e Periferias no Mundo Luso-Brasileiro, 1500-1808.

Revista Brasileira de História. vol. 18, nº 36, São Paulo, 1998.

_______, Laura de Mello e; FURTADO, Junia Ferreira & BICALHO, Maria Fernanda

(orgs.). O governo dos povos. São Paulo, Alameda, 2009.

SUBTIL, José. O Governo da Fazenda e das Finanças (1750-1974). s/d.

TENGARRINHA, José (org.). História de Portugal. 2ª ed. rev. e ampl. Bauru, EDUSC; São

Paulo, UNESP; Portugal, Instituto Camões, 2001.

Downloads

Publicado

2021-07-21

Edição

Seção

Artigos Livres