DITADURA BRASILEIRA E QUESTÃO INDÍGENA: ENTRE AS LUTAS POR DIREITOS CIVIS E OS DEBATES SOBRE DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

Autores

  • Breno Luiz Tommasi Evangelhista Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Indígenas, Ditadura, Direitos humanos.

Resumo

O artigo analisa a repercussão internacional desencadeada com a divulgação, em Março de 1968, dos resultados da Comissão de Inquérito destinada a apurar denúncias contra funcionários do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), implicados na prática de crimes contra populações indígenas brasileiras. A ditadura civil-militar se viu diante da abertura de uma importante frente de atuação sobre sua política indigenista. Até então pouco expressivo e desorganizado, esse movimento se articulou com força a partir dos anos 1960, consideravelmente em função dos crimes contra os indígenas relatados no período. Sofrendo a pressão interna da imprensa e de alguns grupos políticos insatisfeitos com o tratamento dado às denúncias apresentadas, a ditadura precisou encarar ainda os reflexos dos crescentes debates sobre os direitos humanos e a luta de grupos socialmente periféricos por direitos civis. Estes recrudesciam no desenrolar dos anos 1960, chegando a pontos críticos no ano de divulgação do Relatório Figueiredo.

Biografia do Autor

Breno Luiz Tommasi Evangelhista, Universidade Federal Fluminense

Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense-UFF. Vinculado ao Núcleo de Estudos Contemporâneos (NEC-UFF).

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Publicado

2021-09-24