PREGADORAS E GUERREIRAS INVISÍVEIS: MULHERES INDÍGENAS E A COLONIZAÇÃO DO BRASIL

Autores

  • Taís Cristina Jacinto Pinheiro Capucho Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

História Indígena, História de Gênero, Brasil Colonial.

Resumo

O presente trabalho busca investigar a presença e agência de mulheres indígenas no processo de conquista do território da América portuguesa. As ações de conversão para o cristianismo, assim como a formação dos aldeamentos jesuíticos, serviam ao projeto de colonização, sendo práticas estruturantes da recente lógica colonial. Assim, entendemos que a atividade catequética se realizou de forma fundamentalmente política. Dessa forma, a participação de mulheres indígenas enquanto pregadoras da fé cristã, intermediadoras culturais e combatentes nas guerras territoriais, demonstra sua atuação enquanto sujeitos políticos, contribuindo para a ordenação e manutenção daquela sociedade. Essa presença é atestada e investigada a partir da análise de três documentos históricos, a saber: “Pernambuco Ilustrado pelo Sexo Femenino (sic)” (1757); “Indios famozos em armas, q’ neste Estado do Brazil concorrerão, pa a sua conquista temporal, e spiritual” (1759) e “Brasileiras Célebres” (1862).

Biografia do Autor

Taís Cristina Jacinto Pinheiro Capucho, Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Técnica de Coleções Antropológicas do Departamento de Antropologia do Museu Nacional/UFRJ. Graduada em História pela UFRJ. Pós-graduanda no Curso de Especialização em Geologia do Quaternário do Museu Nacional/UFRJ.

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Publicado

2021-09-27