A RESISTÊNCIA DAS OPERÁRIAS DA FÁBRICA RHEINGANTZ AOS MÉTODOS PUNITIVOS: TRANSGRESSÕES NO AMBIENTE FABRIL (RIO GRANDE – RS, 1920-1968)

Autores

  • Caroline Duarte Matoso Universidade Federal de Pelotas
  • Luana Schubert Ledermann Universidade Federal de Pelotas

Palavras-chave:

Fábrica Rheingantz, feminilidade, mundos do trabalho

Resumo

Examinaremos os deslocamentos sobre a construção de feminilidade entre os anos de 1920 e 1968 e como esse fenômeno se apresentou nas vivências das(os) operárias(os) da Fábrica Rheingantz, localizada na cidade de Rio Grande (RS). A urbanização, a industrialização e o trabalho feminino fabril modificaram os arranjos familiares preestabelecidos anteriormente, abrindo brechas para uma ruptura e uma crise na ordem constituída. Na Fábrica Rheingantz, analisa-se a presença da simbologia do feminino que foi traçada e modificada em fins do século XIX e início do século XX. Nesse sentido, observa-se a valorização da constituição da família nuclear, fechada em si, a partir de políticas sociais de incentivo ao casamento e do código de moralidade que os residentes da vila operária Rheingantz deveriam seguir. As multas e punições aos corpos do operariado constituíam-se em formas de moldar os comportamentos da mão de obra da empresa Rheingantz, visando a maior extração de lucro. As entrevistas orais e os cadernos de multas do setor administrativo da Fábrica nos possibilitam compreender que esse processo não aconteceu sem conflitos. As mulheres resistiram à eliminação de comportamentos vistos como indesejados pelos proprietários da Fábrica Rheingantz.

Biografia do Autor

Caroline Duarte Matoso, Universidade Federal de Pelotas

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Pelotas

Luana Schubert Ledermann, Universidade Federal de Pelotas

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Pelotas. (E-mail: luana.ledermann@gmail.com)

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Publicado

2021-09-29