VIGIAR, PUNIR E REGENERAR: PARALELOS ENTRE A HISTÓRIA DO CARANDIRU E MICHEL FOUCAULT

Autores

  • Ninca Ingrid Caputo Pachoal Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Palavras-chave:

Carandiru, Michel Foucault, presídio,

Resumo

O Carandiru – oficialmente, Casa de Detenção do Estado de São Paulo – foi criado para ser modelo de eficiência. Sua concepção, sua construção e seus documentos internos, ao início de seu funcionamento, visavam a caminhada de São Paulo, e da própria República brasileira, para a modernização e o progresso, em confluência com a mentalidade europeia da época. Com teorias importadas da Europa, houve uma forte valorização da disciplina, do trabalho e da salubridade, itens entendidos como fundamentos básicos e necessários para a manutenção da ordem e do controle. Esta visão de mundo foi extensamente analisada por Michel Foucault, especialmente em sua obra “Vigiar e Punir: história da violência nas prisões” (1975), onde são trazidos à tona conceitos e críticas sobre o desenvolvimento dos processos punitivos, suas motivações, seus dispositivos e suas finalidades. Este artigo visa aproximar o caso da história deste presídio brasileiro com a análise crítica proposta por Foucault, de modo a demonstrar que o Carandiru pode ser um exemplo concreto das características que o Foucault critica em sua análise das prisões modernas e seu contíguo sistema de vigilância e disciplina.

Biografia do Autor

Ninca Ingrid Caputo Pachoal, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Mestra em História, com ênfase em História Social, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Graduada em História pela mesma instituição. Este artigo é resultado da pesquisa de Iniciação Científica realizada entre os anos de 2012 e 2013, através de bolsa concedida pelo CNPq. E-mail: nina_paschoal@hotmail.com

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Publicado

2021-12-27