ENTRE A MIRAGEM E A REALIDADE DA ASCENSÃO SOCIAL: MATRIMÔNIO, CONCUBINATO E ILEGITIMIDADE NO ARRAIAL DO TEJUCO (1725-1762)
Palavras-chave:
Arraial do Tejuco, Manumissões, Concubinato, IlegitimidadeResumo
Desde a década de 70, a historiografia no Brasil vem mostrando vários estudos que intencionam descortinar os caminhos percorridos pelos cativos, isto é, estratégias e tecituras de redes de sociabilidade, como meio de angariar a liberdade, prestígio social e acumular pecúlio. Com intuito de oferecer uma contribuição acerca desta temática, o presente estudo busca analisar duas dessas estratégias adotadas por mulheres livres, libertas e escravas, no Arraial do Tejuco, entre os anos de 1725-1762, a saber: o matrimônio e o concubinato. Além disso, pretende-se ressaltar as consequências da ilegitimidade causadas pelas mancebias e entender se, de fato, estas eram uniões orquestradas dentro da lógica da manumissão. Sendo assim, a partir da análise de assentos batismais e testamentos, localizados no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Diamantina, foi possível delinear as nuances que permeavam a dinâmica daquela sociedade, como também, as formas peculiares de driblar as fissuras desse sistema hierarquizado.
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ALMEIDA, Manuel António de. Memórias de um sargento de milícias. 32. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.
BOSCHI, Caio César. Os leigos e o poder: Irmandades leigas e política colonizadora em Minas Gerais. São Paulo: Ática, 1986.
BRÜGGER, Silvia Maria Jardim. Minas patriarcal: família e sociedade (São João Del Rei – séculos XVIII e XIX. São Paulo: Annablume, 2007.
COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. 5. ed. São Paulo: Unesp, 2010.
FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
_____. Sinhás pretas, damas mercadoras: as pretas minas nas cidades do Rio de Janeiro e de São João Del Rey (1700-1850). Tese apresentada para concurso de professor titular, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2004, 276 p.
FILHO, Afonso de Alencastro Graça; LIBBY, Douglas Cole. As diversas fontes documentais das alforrias: as alforrias batismais, as alforrias notariais, as alforrias em sisas, e as testamentais em São João del Rei, século XVIII e XIX. In.: GUEDES, Roberto; FRAGOSO, João (Orgs.). História social em registros paroquiais: (sul-sudeste do Brasil, séculos XVIII-XIX). Rio de Janeiro: Mauad X, 2016.
FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do tráfico negreiro de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). São Paulo: Unesp, 2014.
________ (Org.). Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
________; GÓES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico, Rio de Janeiro, c. 1790-c. 1850. São Paulo: Unesp, 2017.
FONSECA, Cláudia Damasceno. Arraiais e vilas d’el rei: espaço e poder nas Minas setecentistas. Trad. Maria Juliana Gambogi Teixeira. Belo Horizonte: UFMG, 2011.
FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51. ed. São Paulo: Global, 2006.
FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o contratador dos diamantes: o outro lado do mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
________. O livro da capa verde: o Regimento Diamantino de 1771 e a vida no distrito diamantino no período da real extração. São Paulo: Annablume, 2008.
GONÇALVES, Cristiano Souza. Experimentações em Diamantina: um estudo sobre a atuação do SPHAN no conjunto urbano tombado 1939-1967. 2010. 224f. Tese (História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. 6. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2016.
LOPES, Luiz Fernando Rodrigues. Indignos de servir: os candidatos rejeitados pelo Santo Ofício português (1680-1780). 2019. 309 f. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2018.
LUNA, Francisco Vidal; COSTA, Iraci del Nero da; KLEIN, Herbert S. Escravismo em São Paulo e Minas Gerais. São Paulo: Edusp, 2009.
MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVIII a XIX. Novos Estudos, [s. l.], n. 74, p. 107-123, mar. 2006.
________. Feitores do corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1860. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil: séculos XVI-XVIII. Tradução Sonia Furhmann. Petrópolis: Vozes, 2016.
PAIVA, Eduardo França. Escravos e libertos nas Minas Gerais do século XVIII: estratégias de resistência através dos testamentos. 3. ed. São Paulo: Annablume, 2009.
PIMENTA, Ane Caroline Câmara; SODRÉ, Elaine Leonara de Vargas. A escravidão no Arraial do Tejuco (1731-1733): ensaio acerca da dinâmica social e hierarquização, sob a ótica dos registros batismais. História em Revista, Pelotas, v.24, n. 2, p. 38-64, mar. 2019.
RUSSELL-WOOD, A. J. R. Escravos e libertos no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
SANTOS, Joaquim Felício dos. Memórias do Distrito Diamantino da Comarca do Serro Frio. 4. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976.
SCARANO, Julita. Negro nas terras do ouro: cotidiano e solidariedade século XVIII. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2002.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
SLENES, Robert W. Na senzala uma flor – esperanças e recordações na formação da família escrava: Brasil Sudeste, século XIX. 2. ed. Campinas: Unicamp, 2011.
VIDE, Dom Sebastião Monteiro da. Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São Paulo. Tipografia de Antônio Louzada Antunes. 1853.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação;
As opiniões emitidas pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade e não refletem a opinião da Ars Historica.