Encruzilhadas do editor: diferenças na tomada de decisão na edição crítica e na edição interpretativa

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.17074/cpc.v2i38.28853

Palabras clave:

Crítica Textual, Edição Crítica, Edição Interpretativa, Variante, Conjectura.

Resumen

O presente trabalho tem como objetivo defender a tese de que a diferença terminológica entre edição crítica, realizada a partir da comparação de diferentes testemunhos, e edição interpretativa, executada a partir de um único testemunho, é fundamental para a crítica textual, pois reflete importantes diferenças conceituais. Analisaram-se seis passagens extraídas da tradição textual da tradução portuguesa e da francesa da obra de Isaac de Nínive, tendo em conta as duas principais tomadas de decisão com que um editor tem de lidar em seu percurso editorial: identificação da existência de uma lição não genuína em uma dada tradição textual e fixação da lição genuína. Demonstrou-se que, em relação a esses dois tipos de tomada de decisão, há diferenças entre as edições consideradas: na edição crítica, a primeira tomada de decisão é mais objetiva em função da colação e a segunda tomada de decisão também o é mas em função da baliza das lições presentes nos testemunhos; na edição interpretativa, as duas referidas tomadas de decisão são menos objetivas porque se fundamentam essencialmente no conhecimento do editor, fator de grande variabilidade.

Biografía del autor/a

César Nardelli Cambraia, Universidade Federal de Minas Gerais

Possui graduação em Letras (Português-Alemão) pela Universidade Federal de Minas Gerais (1992), mestrado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996), doutorado em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (2000) e pós-doutorado em Lingüística Românica na Universitat de Barcelona (2010) e em Lexicologia na Universidade de Brasília (2019). Atualmente é Professor Titular de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais e tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Lingüística Românica e Crítica Textual, atuando principalmente nos seguintes temas: estudo histórico e comparado de morfossintaxe de línguas românicas em uma perspectiva tipológico-funcional, lexicologia sócio-histórica e edição de textos românicos antigos. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2.

Citas

ALLIÈRES, J. La formation de la langue française. Paris: PUF, 1996.

BROCK, S. From Qatar to Tokyo, by way of Mar Saba: the translations of Isaac of Beth Qatraye (Isaac the Syrian). Aram, Oxford, n. 11-12, p. 475-484, 1999-2000.

CAMBRAIA, C. N. Introdução à crítica textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

CAMBRAIA, C. N. Livro de Isaac (cód. 50-2-15 da BN): caminhos percorridos. Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 133-34, p. 15-35, 2013-2014.

CAMBRAIA, C. N. Livro de Isaac: edição crítica da tradução medieval portuguesa da obra de Isaac de Nínive. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2017.

CHIALÀ, S. Dall’ascesi eremitica alla misericordia infinita: ricerche su Isaaco di Ninive e la sua fortuna. Firenze: Leo S. Olschki, 2002.

CONTINI, G. Breviario di ecdotica. Torino: Einaudi, 1986. [2. rist., 1992].

DMF: Dictionnaire du Moyen Français, version 2015 (DMF 2015). ATILF - CNRS & Université de Lorraine. Disponível em: <http://www.atilf.fr/dmf>. Acesso em: 13 set. 2019.

MELO, T. C. A. de. Livre d'Isaac Abbé de Syrie (cód. lat. 14891 da BNF): edição e glossário. 2010. 371 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) ⸺ Universidade Federal de Minas Gerais, 2010.

ZINCK, G. L’ancien français. Paris: PUF, 1987.

ZINCK, G. Le moyen français. Paris: PUF, 1990.

Publicado

2020-03-20

Número

Sección

Artigos