O ICSM ecológico como uma política de incentivo dos gastos ambientais municipais
Palavras-chave:
ICMS Ecológico, Gastos Municipais, Política Ambiental, Coordenação FederativaResumo
O ICMS Ecológico (ICMS-E) é uma política pública regulatória utilizada como mecanismo de coordenação entre os interesses dos estados e as ações dos municípios, com vistas a estimular e premiar práticas ambientais adequadas. Esse artigo tem como objetivo verificar se essa política é efetiva para a adoção de práticas sustentáveis pelos municípios, medidas a partir dos gastos ambientais. Para tal, foi efetuada uma análise no período 2012-2016 comparando os gastos em gestão ambiental como proporção das despesas totais liquidadas com a razão entre o volume recebido do ICMS-E e a receita fiscal total de cada município. Foi comprovada a correlação positiva entre os gastos em gestão ambiental e os recursos de ICMS-E recebidos pelo município. Contudo, o gasto ambiental aumenta relativamente pouco em função do incremento do ICMS-E na receita, e essa relação fica mais nítida nos municípios que recebem proporcionalmente mais ICMS-E. Verificou-se que o índice de desenvolvimento humano (IDH-M) e a população do município também afetam a proporção de gastos em gestão ambiental. Um resultado particularmente importante é que o desenho da legislação estadual influencia a resposta dos municípios: quanto maior o prêmio percebido pelas prefeituras em função da melhoria de seu desempenho ambiental, maior tende a ser seu esforço em adotar ações de gestão ambiental. Demonstra-se, assim, que a coordenação entre os instrumentos econômicos estatais e as ações municipais podem exercer papel relevante para tornar a gestão pública mais sustentável.
Referências
ABRUCIO, F. L. A coordenação federativa no Brasil: a experiência do período FHC e os desafios do governo Lula. Revista de Sociologia e Política, 24, p. 41-67, 2005.
ARRETCHE, M. Federalismo e Políticas Sociais no Brasil: Problemas de Coordenação e Autonomia. In: Saravia, E. & Ferrarezi, E. Políticas públicas; coletânea. Brasília: ENAP, 2006.
ATLAS BRASIL (2013). Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Consulta. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/consulta/. Acesso em: maio 2018.
BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Acesso em: maio 2018.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual Técnico de Orçamento - MTO. Edição 2018. Brasília, 2017.
BOUCKAERT, G.; PETERS, G. &VERHOEST, K. The Coordination of Public Sector Organizations: Shifting Patterns of Public Management. Basingstoke: PalgraveMacmillan, 2010.
CASTRO, B. S. & YOUNG, C. E. F. Problemas de coordenação de políticas públicas: desafios para a gestão ambiental no Brasil. Revista Síntese (TCE-RJ), v. 12, n. 1, 32-53, 2017.
GOMES, G. M. & MAC DOWELL, M. C. Descentralização Política, Federalismo Fiscal e Criação de Municípios: O que é Mau para o Econômico nem sempre é Bom para o Social. Texto para discussão n. 706. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília, fevereiro, 2000.
FERNANDES, L. L.; COELHO, A. B.; FERNANDES, E. A. & LIMA, J. E. Compensação e incentivo à proteção ambiental: o caso do ICMS Ecológico em Minas Gerais. Revista de Econonomia e Sociologia Rural, v. 49, n. 3, p. 521-544, 2011.
FIRJAN. IFGF - Índice Firjan de Gestão Fiscal 2017: Ano Base 2016. Recorte Municipal Abrangência Nacional. Elaboração do Estudo GEE - Gerência de Estudos Econômicos. Agosto/2017. Disponível em: https://bit.ly/2kyIJCf. Acesso em: maio 2018.
KLEIN, F. B.; SOUZA, M. S. & ALMEIDA, P. S. Análise sobre a eficiência socioeconômica e ambiental no uso do ICMS Ecológico no Estado de São Paulo. In: AUGM Ambiente 2009 - VI Congresso de Maio Ambiente da AUGM Associação de Universidades Grupo de Montevidéu, 2009, São Carlos - SP. VI Congresso de Maio Ambiente da AUGM Associação de Universidades Grupo de Montevidéu, 2009. Disponível em: http://www.ambiente-augm.ufscar.br/uploads/A3-095.pdf
LOUREIRO, W. Contribuição do ICMS Ecológico à conservação da biodiversidade no Estado do Paraná. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2002.
MACIEL, V. F., DE TOLEDO PIZA, C. C. & PENOFF, R. N. Desigualdades regionais e bem-estar no Brasil: quão eficiente tem sido a atividade tributária dos estados para a sociedade? Planejamento e Políticas Públicas, n. 33, p. 291-318, julho-dezembro, 2010.
MALONE, T. W. & CROWSTON, K. The interdisciplinary study of coordination. ACM Computing Surveys (CSUR), v. 26, n. 1, p. 87-119, 1994.
MATSUBARA, A. T. ICMS Ecológico e a Conservação de Áreas Protegidas no Estado do Tocantins: Um Enfoque nas Terras Indígenas. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecótonos, da Universidade Federal do Tocantins. Porto Nacional - Tocantins, Março 2017.
METCALFE, L. (1996). Building capacities for integration: the future role of the Commission. Eipascope, n. 2, p. 1-11, 1996.
MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco configurações. 2. ed. 4°. reimpressão, São Paulo: Ed. Atlas, 2008.
MOREIRA, A. D. A gestão do ICMS ecológico em Mato Grosso do Sul. Dissertação (de mestrado) Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal Campo Grande, 2004.
NOGUEIRA, C. A. G.; MONTEIRO, M. A. P. & MAZZA, A. C. A. Uma análise da consistência do ICMS ecológico do Ceará enquanto mecanismo de incentivos e redistribuição de recursos financeiros. Revista Ciências Administrativas, Fortaleza, v. 19, n. 2, p. 446-475, 2013.
OLIVEIRA, T. V. M. & MURER, Y. C. O ICMS Ecológico e a implementação de políticas públicas ambientais no estado de Rondônia. Revista do Direito Público, v. 5, n. 1, 185-216, 2010.
PINTO, J. S.; FRAINER, D. M.; OLIVEIRA, A. K. M. & SOUZA, C. C. Diagnóstico e avaliação da eficiência da preservação do ambiente em Mato Grosso do Sul a partir da inclusão do pagamento de serviços ambientais. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 35, p. 225-240, 2015.
REIS, E. A.; LAGO, D. V. & ARAUJO, A. C. P. S. Diagnóstico da composição e evolução da arrecadação do ICMS Ecológico no município do Rio de Janeiro. Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade, 21 a 23 de junho, 2016.
RIBEIRO, C. A.; ROSSATO, M. V.; GUSE, J. C.; FREITAS, L. A. R. & DORR, A. C. ICMS Ecológico: uma abordagem à gestão ambiental nos municípios do Rio Grande do Sul. Revista Sociais e Humanas, v. 26, n. 2, 2013.
SILVA JÚNIOR, L. H.; PEDROSA, B. M. J.; SILVA, M. F. Avaliação dos Impactos do ICMS Socioambiental na Criação de Unidades de Conservação e Unidades de Tratamento de Resíduos Sólidos em Pernambuco: Uma Análise a partir do Método de Diferenças em Diferenças. Revista Econômica do Nordeste, v. 44, n. 2, p. 557-572, 2013.
Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI). Disponível em: https://siconfi.tesouro.gov.br/siconfi/index.jsf. Acesso em: jan. 2018.
UHLMANN,V. O.; ROSSATO, M. V. & PFITSCHER, E. D. Conhecimento dos gestores públicos sobre o instrumento de política pública ICMS ecológico nos municípios da quarta colônia de imigração italiana do RS. Enfoque: Reflexão Contábil. UEM – Paraná, v. 29, n. 2, p. 83-102, 2010.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.