Direitos trabalhistas no Brasil: contendas teóricas sobre o significado da sua criação e do seu papel social

Autores

  • Wallace Moraes Departamento de Ciência Política, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  • Luciana Simas Grupo de Pesquisa Saúde nas Prisões, da ENSP/Fiocruz; e do LIDHS (Laboratório Interdisciplinar em Direitos Humanos e Saúde), UFRJ

Palavras-chave:

Direitos trabalhistas, social-democracia, liberalismo, ação direta, lutas dos trabalhadores.

Resumo

O artigo analisa as contendas teóricas acerca do significado da intervenção do Estado na criação dos direitos trabalhistas no Brasil. Tratamos de um problema específico: como parte da literatura das ciências sociaisinterpreta as leis do trabalho e o seu papel.Realizamos uma discussão bibliográfica, possibilitando-nos identificar os múltiplos princípios teóricos-metodológicos, explicitando suas características idiossincráticas. Identificamos postulados, metodologias e justificativas semelhantes que nos possibilitou enquadrá-las em diferentes correntes teóricas. Abordamos principalmente as escolas liberal, social-democratae o populismo. Ademais, percebemos que grande parte da literatura trata a criação de leis trabalhistas como ações benevolentes dos governantes para o bem e para o mal. Essas conclusões retiram completamente a agência dos trabalhadores organizados. Com vistas a problematizar tais questões, nossa metodologia qualitativa privilegioua acareaçãoentre o diagnóstico das teses dos autores e o resgate de documentos históricos do período pré-1930. Como nossa contribuição ao debate, comprovamos a importância daação coletiva dos trabalhadores, por meio de suas ações diretas, para conquista de direitos, devolvendo a eles o protagonismo, normalmente preterido pelo “mainstream”.

Biografia do Autor

Wallace Moraes, Departamento de Ciência Política, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Professor associado do Departamento de Ciência Política e dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) e História Comparada (PPGHC) da UFRJ. É pesquisador do INCT/PPED e líder do grupo de pesquisa OTAL/UFRJ. Realizou Pós-Doutorado na University of Florida e no INCT/PPED. Universidade Federal do Rio de Janeiro

Luciana Simas, Grupo de Pesquisa Saúde nas Prisões, da ENSP/Fiocruz; e do LIDHS (Laboratório Interdisciplinar em Direitos Humanos e Saúde), UFRJ

Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Doutora em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva, IESC/UFRJ, com intercâmbio na Universidade da Flórida - LevinCollegeof Law. Mestre em Direito e Sociologia (UFF); advogada com especialização em Direito Público. Integrante do Grupo de Pesquisa Saúde nas Prisões, da ENSP/Fiocruz; e do LIDHS (Laboratório Interdisciplinar em Direitos Humanos e Saúde)

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2021-07-07

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Artigos