Fórum de Escolas do Grande Bom Jardim: práticas de enfrentamento à violência armada em territorialidades escolares de periferias de Fortaleza

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v0i30.45986

Resumen

A violência armada nos últimos anos tem intensificado o assassinato de jovens nas malhas necropolíticas das periferias de Fortaleza. O presente artigo objetivou cartografar as práticas de enfrentamento à violência armada desenvolvidas pelo Fórum de Escolas pela Paz do Grande Bom Jardim (FEPGBJ). As experiências narradas são oriundas da criação e composição de um movimento social de escolas públicas e parceiros em umas das periferias de Fortaleza-CE que, há cinco anos,desenvolve intervenções e pactos de ações na garantia de valorização da vida e da cultura de paz entre espaços de guerra às drogas, como o direito de ir e vir nos territórios periféricos e a permanência da vida escolar nos cotidianos desses estudantes. Através do Fórum de Escolas, são resgatadas estratégias de enfrentamento às violências por meio da cultura e arte na promoção de espaços de resistência onde as juventudes vivenciam suas polifonias culturais.

Citas

ACHINTE, A. A. Prácticas creativas de re-existência: más allá del arte... el mundo de lo sensible. Buenos Aires: Del Signo, 2017.

ALVAREZ, J.; PASSOS, E. Pista 7: cartografar é habitar um território existencial. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. (Org.). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Ed. 1. 6ª Reimpressão. Porto Alegre: Sulina, 2015, p. 52-95.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ. Cada vida importa: Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência – relatório Julho a Dezembro 2019. Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, UNICEF, Instituto OCA. Fortaleza, Ceará, 2020. Disponível em: <http://homolog.adeboaz.webfactional.com/ccpha/cada-vida-importa-relatorio-julho-dezembro-2019.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2021.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ. Cada vida importa: relatório do segundo semestre de 2018 do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, UNICEF, Instituto OCA. Fortaleza, Ceará, 2019. Disponível em: <http://cadavidaimporta.com.br/wp-content/uploads/2019/05/CCPHA-RELATORIO-2018_2.pdf>. Acesso em: 31 maio 2019.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ. Cada vida importa: relatório do segundo semestre de 2017 do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, UNICEF, Instituto OCA. Fortaleza, Ceará, 2018. Disponível em: <https://cadavidaimporta.com.br/wp-content/uploads/2019/10/CCPHA-RELATORIO-2018_2.pdf>. Acesso em: 31 maio de 2018.

BARROS, J. P. P. Juventudes desimportantes: a produção psicossocial do “envolvido” como emblema de uma necropolítica no Brasil. In: COLAÇO, V. et al. (Org). Juventudes em Movimento: experiências, redes e afetos. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2019. p. 209-238.

BARROS, J. P. P.; et al. Criminalização, extermínio e encarceramento: expressões necropolíticas no Ceará. Revista Psicologia Política, São Paulo, v. 19, n. 46, p. 475-488, 2019.

BARROS, L. P.; KASTRUP, V. Pista 3: cartografar é acompanhar processos. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. (Org.). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Ed. 1. 6° Reimpressão. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 52-75.

BARROS; L. M. R.; BARROS, M. E. Pista da Análise: O problema da análise em pesquisa cartográfica. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; TEDESCO, S. (Org.). Pistas do Método da Cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum. Vol. 2. Porto Alegre: Sulina, 2014, p. 175-202.

BARROS, J. P. P.; NEGREIROS, D. J.; QUIXADA, L. M. Movimento Cada Vida Importa: a universidade na prevenção e no enfrentamento à violência no Ceará. Revista Universidade e Sociedade, v. 62, p. 80-89, 2018.

BARROS, J. P. P.; NUNES, L. F.; SOUSA, I. S. Interseccionalidade, femi-geno-cídio e necropolítica: morte de mulheres nas dinâmicas da violência no Ceará. Revista de Psicologia Política, v. 20, p. 370-384, 2020.

BENÍCIO, L. F. S et al. Necropolítica e Pesquisa-Intervenção sobre homicídios de adolescentes e jovens em Fortaleza, CE. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 38, n. esp. 2, p. 192-207, 2018.

BEZERRA, L. M. Pobreza e lugar(es) nas margens urbanas: lutas de classificação em territórios estigmatizados do Grande Bom Jardim. 2015. 471f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Programa de Pós-graduação em Sociologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2015.

BORGES, T. M. T. A pesquisa como habitação de territórios existenciais: contribuições do método da cartografia. Psicologia da Educação, n. 42, p. 101-104, 2016.

BRASILINO, J.; CARDONA, M. G.; CORDEIRO, R. M. Observação no Cotidiano: um modo de fazer pesquisa em Psicologia Social. In: SPINK, M. J. et al. (Org.). A produção de informação na pesquisa social: compartilhando ferramentas. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2014. p. 123-148.

BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

BUTLER, J. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma Teoria Performativa de Assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

CARNEIRO, A. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo negro, 2011.

CAVALCANTE, R. M. B.; ALTAMIRANO, T. de H. (Org.). Fortaleza armada: consequências humanitárias em territórios remarcados pela violência. Instituto OCA: Fortaleza, 2019.

CEARÁ. Lei Estadual nº 13.230, de 27 de junho de 2002. Dispõe sobre a criação de comissões de atendimento, notificação e prevenção à violência doméstica contra criança e adolescente nas escolas da rede pública e privada do Estado do Ceará e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado de Ceará, Fortaleza, CE, 27 jun. 2002.

CEARÁ. Lei Estadual nº 17.253, de 29 de julho de 2020. Autorizada a criação, nas escolas da rede pública e nas escolas privadas do Estado do Ceará, de comissões de proteção e prevenção à violência contra a criança e o adolescente. Diário Oficial [do] Estado de Ceará, Fortaleza, CE, 29 jul. 2020.

CENTRO CULTURAL BOM JARDIM. Grande Bom Jardim – Território e Contexto Social. Centro Cultural Bom Jardim. Sem Data. Disponível em: <http://ccbj.redelivre.org.br/grande-bom-jardim-territorio-e-contexto-social/>. Acesso em: 20 jan. 2021.

CENTRO DE INVESTIGACIÓN Y EDUCACIÓN POPULAR/PROGRAMA POR LA PAZ. Estudios críticos de paz: perspectivas decoloniales. Colombia-Bogotá: Centro de Investigación y Educación Popular/Programa por la Paz, 2020.

COMITÊ CEARENSE PELA PREVENÇÃO DE HOMICÍDIOS NA ADOLESCÊNCIA, Nota técnica 01/2020 – Coronavírus e homicídios: o Ceará sob duas epidemias. 2020a. Disponível em: <https://cadavidaimporta.com.br/wp-content/uploads/2020/05/nota3.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2021.

COMITÊ CEARENSE PELA PREVENÇÃO DE HOMICÍDIOS NA ADOLESCÊNCIA, Nota técnica 02/2020 – Violência institucional no Ceará: mortes pela polícia crescem 439% em cinco anos. 2020b. Disponível em: <https://cadavidaimporta.com.br/wp-content/uploads/2020/09/2020-09-11-nota2.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2021.

COMITÊ CEARENSE PELA PREVENÇÃO DE HOMICÍDIOS NA ADOLESCÊNCIA, Nota técnica 01/2021 – Mais de 12 adolescentes, em média, foram assassinados no Ceará a cada semana em 2020. 2021. Disponível em: <https://cadavidaimporta.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Nota_Tecnica_1_fev21.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2021.

COSTA, A. F. et al. Re-existências decoloniais frente às violências: experiências extensionistas em periferias fortalezenses. Extensão em Ação, Fortaleza, v. 19, n. 1, p. 53-66, jan./jun. 2020.

COSTA, E. A. G. A. et al. Resistências de crianças em territórios periféricos cearenses, Agenda Social, v. 15, n. 2, p. 204-225, 2021.

DELEUZE, G.; GUATARRI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.

DIÓGENES, G. Cidade, arte e criação social: novos paradigmas de culturas juvenis da periferia. Estudos Avançados, v. 34, n. 99, 373-389, 2020.

EMICIDA. Ismália. São Paulo: Sony Music, 2019. Disponível em: <https://open.spotify.com/album/6xgkZtzvMFGws8svAYEgCG?highlight=spotify:track:6piecTQFDW3rnL6vRwF36M>. Acesso em: 20 jan. 2021.

FOUCAULT, M. Sobre a História da sexualidade. In: FOUCAULT, M. (Org.). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2000. p. 243-27.

FÓRUM POPULAR DE SEGURANÇA PÚBLICA. Escalada de homicídios no Ceará durante pandemia exige mudança urgente da política de segurança pública. Versão digital. Fortaleza, 2020. Disponível em: <https://ponte.org/wp-content/uploads/2020/07/NOTA-PUBLICA-SOBRE-HOMICIDIOS-NO-CEARA-v.final_.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2021.

FREITAS, C. S. et al. (Org.). Plano popular da Zeis do Bom Jardim. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2019.

GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

GOMES, C. J. A. et al. Histórias desmedidas: reflexões sobre experiências de extensão com jovens (in)visibilizados. Extensão em Ação, v. 19, p. 41-52, 2020.

LAVOR FILHO, T. L. Spray nas mãos, afetos nos muros: cartografia de inter(in)venções do graffiti no cotidiano de jovens inventores. 2020. 193f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Fortaleza (CE), 2020.

LOURAU, R. A análise institucional e práticas de pesquisa. Rio de Janeiro: UERJ, 1993.

MBEMBE, A. Políticas da Inimizade. Lisboa: Antígona, 2017.

MELO, D. L. B.; CANO, I. Índice de homicídio na adolescência: IHA 2014. Rio de Janeiro: Observatório de Favela, 2017.

NUNES, L. F. Quando eu vi, tava envolvida: atravessamentos da violência urbana nas trajetórias de adolescentes privadas de liberdade. 2020. 243f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Fortaleza (CE), 2020.

PASSOS, E.; KASTRUP, V. Sobre a validação da pesquisa cartográfica: acesso à experiência, consistência e produção de efeitos. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; TEDESCO, S. (Org.). Pistas do Método da Cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum. Vol. 2. Porto Alegre: Sulina, 2014, p. 203-237.

PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. (Org). Pistas do método da cartografia. Porto Alegre: Sulina, 2009.

PASSOS, E.; KASTRUP, V.; TEDESCO, S. (Org.). Pistas do Método da Cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum – Volume 2. Porto Alegre: Sulina, 2014.

PELBART, P. Ensaios do assombro. São Paulo: n-1 Edições, 2019.

PEREIRA, E. A. D. Resistência descolonial: estratégias e táticas territoriais. Terra Livre, v. 2, n. 43, p. 17-55, 2017.

PREFEITURA DE FORTALEZA. Índice de Bairros Fortaleza. Big Data. 2020. Disponível em: <https://www.anuariodoceara.com.br/indice-bairros-fortaleza/>. Acesso em: 20 jan. 2021.

SAVEGNAGO, S. O. Mobilidades de jovens de grupos populares do Rio de Janeiro em relação à rua e a casa. Revista Psicologia CES, v. 13, p. 52-69, 2020.

TAKEITI, B. A.; VICENTIN, M. C. G. Juventude(s) periférica(s) e subjetivações: narrativas de (re)existência juvenil em territórios culturais. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, n. esp., p. 256-262, 2019.

VALENCIA, S. Capitalismo gore. (Col. Monografías Del Museo). Espanã: Melusina, 2010.

Publicado

2021-08-30

Número

Sección

TEMAS SOBRESALIENTES - SECCIÓN TEMÁTICA MOVILIDADES Y TERRITORIALIDADES DE NIÑOS, NIÑAS Y JÓVENES EN AMÉRICA LATINA