Óbito perinatal: refletindo sobre narratividade, o uso das redes sociais e a elaboração psíquica possível
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v0i33.50491Palabras clave:
Luto Perinatal, espaço potencial, criatividade, redes sociaisResumen
O óbito perinatal ocorre em um delicado momento existencial e exige um trabalho de elaboração psíquica bastante singular. A dificuldade da rede de apoio em reconhecer a dor dos pais, a virtualidade do objeto perdido e a ambivalência contida no bebê dificultam que a experiência vivida seja inscrita na cadeia de simbolizações, contribuindo para que o trabalho de luto perinatal seja potencialmente problemático e possa ser vivido como traumático. Aponto nesse manuscrito que pode haver um trabalho de subjetivação que represente uma tentativa de ligação elaborativa através do uso criativo das redes sociais. A internet pode se apresentar como espaço potencial, tal qual definido por Winnicott, e se constituir como uma via promissora para expressão criativa diante do luto perinatal, onde os pais podem tanto narrar suas experiências (aproximando-as do mundo da linguagem e, portanto, aproximando-as de uma possível elaboração), como também sentirem-se pertencendo a um grupo com o qual podem se identificar.
Citas
AGUIAR, H.; ZORNIG, S. Luto fetal: a interrupção de uma promessa. Estilos da clínica, vol. 21, n. 2, p. 264-281. 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/estic/v21n2/a01v21n2.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2022.
ARAGÃO, R. O. Narrativas do início da vida: como contar nosso primeiro capítulo? Primórdios, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 73-83, 2012.
BARONE, K. C. Realidade e luto: um estudo da transicionalidade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
BENJAMIN, W. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas de Walter Benjamin. Vol. 1. São Paulo: Brasiliense, 1996 (Original de 1936) p. 197-222.
BYDLOWSKI, M. O olhar interior da mulher grávida: transparência psíquica e representação do objeto interno. In: CORRÊA FILHO, L.; CORRÊA GIRADE, M. H.; FRANÇA, P. (Orgs.). Novos olhares sobre a gestação e a criança até os três anos: saúde perinatal, educação e desenvolvimento do bebê. Brasília: LGE Funsaúde, 2002. p. 205-214.
IACONELLI, V. Luto insólito, desmentido e trauma: clínica psicanalítica com mães de bebês. Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 10, n. 4, 2007.
MATHELIN, C. O sorriso da Gioconda: clínica psicanalítica com os bebês prematuros. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 1999.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. 2. ed. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_obito_infantil_fetal_2ed.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2022.
MISSONNIER, S. L’enfant du dedans et la relation d’objet virtuel. In: MISSONIER, S.; GOLSE, B.; SOULÉ, M. La grossesse, l’enfant virtuel et la parentalité. Paris: PUF, 2004. p. 119-144.
MISSONNIER, S. Les stèles virtuelles sur Internet: un rituel de deuil séculier? Le Carnet Psy, n. 186, p.15-21, 2015.
NOBREGA, A. et al. Mortalidade perinatal no Brasil em 2018: análise epidemiológica segundo a classificação de Wiggleworth modificada. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 38, n. 1, e00003121, jan. 2021. Disponível em: <http://cadernos.ensp.fiocruz.br/site/artigo/1636/mortalidade-perinatal-no-brasil-em-2018-analise-epidemiologica-segundo-a-classificacao-de-wiggleworth-modificada>. Acesso em: 25 fev. 2022.
OUTEIRAL, J.; MOURA, L. Paixão e criatividade: estudos psicanalíticos sobre Frida Kahlo, Camille Claudel e Coco Chanel. Rio de Janeiro: Revinter, 2002.
ROMÃO-DIAS, D. Brincando de ser na realidade virtual: uma visão positiva da subjetividade contemporânea. 2007. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
SAFRA, G. O narrar. In: SAFRA, G. Desvelando a memória do humano: o brincar, o narrar, o corpo, o sagrado, o silêncio. São Paulo: Sabornost, 2006. p. 21-33.
SOUBIEUX, M. J. Le deuil périnatal, un impensable à penser. Le Carnet Psy, n. 185, p. 22-24, 2015.
WINNICOTT, D. Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In: WINNICOTT, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975a (Original de 1951). p. 13-44.
WINNICOTT, D. A criatividade e suas origens. In: WINNICOTT, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975b (Original de 1959). p. 95-120.
WINNICOTT, D. Os objetivos do tratamento psicanalítico. In: WINNICOTT, D. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990 (Original de 1962). p.152-155.
ZORNIG, S. Tornar-se pai, tornar-se mãe: o processo de construção da parentalidade. Tempo psicanalítico, v. 42, n. 2, p. 453-470, 2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tpsi/v42n2/v42n2a10.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2022.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Todo el contenido de la Revista está licenciado sobre la Licencia Creative Commons BY NCND 4.0.
