Um personagem só ou a resposta, por parrésia, que meu corpo sonhou para a voz de Paula: uma leitura ensaística do conto “O ventre seco”, de Raduan Nassar
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2013.v5n9a17295Resumo
Qual pode ser o espaço de uma conversa em que se relega a voz de um dos atores elementares a qualquer ato comunicativo ao silêncio, ou a uma simples reprodução esporádica e fragmentária de discurso do outro? Existiria mesmo ato comunicativo quando só há enunciador? Existir, excluindo toda inocência de tal questionamento, com certeza existe. Afinal de contas, comunicação é qualquer fenômeno de uso de linguagem em que se abarca, em princípio, a produção de sentidos por meio da mensagem. Mas, aqui, a discussão é outra. A discussão aqui se alastra sobre o que pode ser entendido como delírio da língua humana. É uma espécie de língua instaurada no interior da língua. Com isso, a linguagem inteira tende para um limite do “agramatical”, um limite em que, a nós, só resta uma viela: comunicarmo-nos com o fora. Nesse espaço de fora da linguagem, então, só caberia o ensaísta, leitor privilegiado no embate de análise do que o enunciador criado por Raduan para “O ventre seco” vai esburacar na linguagem? A resposta fica adiada, mais uma vez. Mas vejamos se é possível chamar de conversa qualquer ato comunicativo em que o enunciatário seja apenas um espectro virtual para o que o enunciador emita ao direcionar nominativamente cada palavra de sua mensagem.
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