Figurações da infância monstruosa: a literatura excessiva de Marcelo Mirisola

Autores

  • Ângela Maria Dias Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2014.v6n11a17301

Resumo

Em análise estendida a vários livros de Marcelo Mirisola, este ensaio mostra como o autor cultiva um tom irreverente e muitas vezes iconoclasta, para abranger hibridamente a crônica crítica da vida socioliterária e intelectual brasileira, a autoficção lírica e a representação de dilemas sexuais e amorosos, excessos etílicos de dissipação e orgia e destemperos verborrágicos contra desafetos e rivais. Sua linguagem, repleta de gíria e pornografia, e a dissolução da distância entre autor e narrador podem, por vezes, soar como brincadeira ou piada de mau gosto. A constante desmedida estilística, bem como a agressividade de comentários dirigidos a personagens do espaço público brasileiro extraliterário, no interior das obras, tornam o escritor uma figura controversa e frequentemente alvo de debates e opiniões pouco lisonjeiras. Tendo publicado o primeiro livro em 1998, beira o maldito -- por suas posições abertamente contrárias às tendências “politicamente corretas” de expressiva corrente do espaço público contemporâneo --, lembrando a legenda nelsonrodriguiana do reacionário estigmatizado pelos intelectuais da esquerda dos anos 1960 brasileiros.

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Publicado

2014-06-30

Edição

Seção

Ensaios