“De ausências e distâncias te construo”: aproximação discursiva e distanciamento físico na correspondência de Caio Fernando Abreu

Autores

  • André Luiz Alselmi Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2018.v10n19a19608

Resumo

Este artigo, centrado na correspondência de Caio Fernando Abreu, analisa a relação ausência/presença no discurso das cartas. Com base nas ideias de Vincent Kaufmman, constata-se como, apesar de possibilitarem uma aproximação no campo discursivo, as cartas criam um distanciamento físico entre os correspondentes. Esse afastamento garante o espaço de isolamento do artista, graças ao qual a obra pode acontecer. Nesse sentido, sob a ótica de Kaufmann, as correspondências constituem um elo entre o homem e a obra, por promoverem uma intersecção entre a vida e a literatura. A partir das ideias de alguns teóricos do campo epistolar, também se discute como a “ilusão epistolar” -- promovida pela simulação da presença do destinatário no momento da escrita -- supre, no campo discursivo, uma ausência física.

Referências

HARANG, Julien. L’Épistolaire. Paris: Hatier, 2002.

JOVICIC, Jelena. L’Intime épistolaire (1850–1900): genre et pratique culturelle. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2010.

KAFKA, Franz. Lettres à Milena. Tradução de Alexandre Vialatte. Paris: Gallimard, 1956.

KAUFMANN, Vincent. L’Équivoque epistolaire. Paris: Les Editions de Minuit, 1990.

MELO E CASTRO, Ernesto Manuel Geraldes de. “Odeio cartas”. In: GALVÃO, Walnice Nogueira & GOTLIB, Nádia Battella (orgs.). Prezado senhor, Prezada senhora. Estudos sobre cartas. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

MORICONI, Italo (org.). Cartas – Caio Fernando Abreu. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.

PIGLIA, Ricardo. Respiração artificial. Tradução de Heloisa Jahn. São Paulo: Iluminuras, 1987.

Downloads

Publicado

2018-06-30

Edição

Seção

Artigos