Nael, herdeiro testamentário: a terceira margem da gemelidade em <em>Dois irmãos</em>, de Milton Hatoum
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2018.v10n20a22861Palavras-chave:
Milton Hatoum, gemelidade, identidade, herança, filiaçãoResumo
Nael, narrador de Dois irmãos, segundo romance de Milton Hatoum, é inicialmente um personagem quase imperceptível, pois recolhe os testemunhos no seio do grupo familiar de que é filho bastardo a fim de elaborar sua história. Ao longo da narrativa, seu verdadeiro desejo é desvelado: conhecer a identidade de seu pai e, assim, filiar-se. Incapazes de organizar a herança imaterial dessa família, os irmãos gêmeos Yaqub e Omar desencadeiam seu desmoronamento. Nael, executor testamentário, organiza o caos familiar e conforma sua identidade em um movimento que parte do outro em direção a si mesmo.
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. “O mito”. In: ______. A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 64.
ARINOS, Afonso. A alma do tempo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
ASSIS, Machado de. Os romances de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2014.
AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 2001.
BÍBLIA SAGRADA. Gênesis. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/aa/gn. Acesso em: 11 abr. 2015.
CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.
DERRIDA, Jacques. Spectres de Marx: l’État de la dette, le travail du deuil et la nouvelle Internationale. Paris: Galilée, 1993.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
______. Totem e tabu. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
GIRARD, René. Shakespeare – les feux de l’envie. Paris: Bernard Grasset, 1990.
______. La violence et le sacré. Paris: Grasset, 1998.
HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução de Dora Mariana R. Ferreira da Silva e Maria Luiza Appy. Petrópolis: Vozes, 2002.
LACAN, Jacques. In: Revue Scilicet 2/3. Paris: Seuil, 1970.
OVÍDIO. Metamorfoses. Tradução de Vera Lúcia Leitão Magyar. São Paulo: Madras, 2003.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. “A cidade flutuante”. Folha de S. Paulo, 12/8/2000. Jornal de Resenhas. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/resenha/rs1208200011.htm. Acesso em: 30 mar. 2015.
PONCIONI, Claudia. “Du mythe de l’identité à l’identité du mythe, la construction identitaire dans Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum”. In: Colloque International. La fiction romanesque actuelle dans les pays de langues romanes et la problématique des identités. Rennes: PUR, 2010, pp. 145-56. Disponível em: http://www.miltonhatoum.com.br/categoria/other-languages/francais/essais-et-conferences. Acesso em: 30 abr. 2015.
RAMOND, Charles. Le vocabulaire de René Girard. Paris: Ellipses, 2009.
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
VERNANT, Jean-Pierre. Entre mythe et politique. Paris: Seuil, 1996.
ZAZZO, René. Les jumeaux, le couple et la personne. Tome II – l’individuation psychologique. Paris: Presses Universitaires de France, 1960.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea concordam com os seguintes termos:Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença Creative Commons (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pelo Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.
Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.