<em>O crime do Cais do Valongo</em>: quando a saga da diversidade negra se projeta para a contemporaneidade

Autores

  • José Luiz Matias Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2019.v11n22a31043

Palavras-chave:

Cais do Valongo, romance, resistência dos escravizados, diversidade étnica e cultural.

Resumo

A princípio confundido com um romance policial, O crime do Cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz, extrapola em muito essa visão reducionista. A narrativa desfia histórias contadas pela africana Muana Lómuè e pelo mestiço Nuno Alcântara Moutinho, com o protagonismo das negras e dos negros escravizados, tendo como ambientação as nações da África e o Rio de Janeiro dos tempos coloniais. Como esclarece Flávia Oliveira, “o livro viaja a uma África de diversidade étnica e cultural ainda desconhecida no Brasil” (2018), para ressignificar as relações entre a opressão senhorial e a resistência dos escravizados. Tal postura vem contrariar textos ou “documentos” históricos que, em diversas oportunidades, enunciam uma acomodada submissão de escravizados em terras brasileiras. Assim, o presente romance contribui para ajudar a “entender as partes do passado que permanecem produzindo os embates contemporâneos”, no sentido de romper com o discurso silenciado ou interdito do negro na literatura brasileira, conforme reitera Fernanda Rodrigues Miranda (2019).

Biografia do Autor

José Luiz Matias, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutor em Estudos de Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Referências

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Publicado

2020-04-12

Edição

Seção

Artigos