<em>Dois irmãos</em>, de Milton Hatoum: versões de homem cordial
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n24a35033Palavras-chave:
Milton Hatoum, homem cordial, Dois irmãos, estrangeiro.Resumo
A partir de elementos de continuidade entre os dois primeiros romances de Milton Hatoum (1952), Relato de um certo oriente (1989) e Dois irmãos (2000), este ensaio enfoca, no segundo romance, a caracterização dos personagens dos gêmeos, que existem no primeiro sob a denominação genérica de “irmãos ferozes”. A elaboração dessa caracterização transita entre antropologia, cultura e política, e acreditamos que pode ser comparável a um conceito fundamental de nossa historiografia moderna: o de “homem cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda – lembrando que o historiador retrata o ser nacional como um homem essencialmente afetivo, que, por isso, personaliza suas relações (inclusive em âmbito público). No cenário urbano retratado em Dois irmãos pelo autor, o sobrado, a família e seus agregados constituem esse universo cordial, a ser analisado e onde os gêmeos da trama encarnam, em suma, dois lados de uma mesma moeda: cara (nativo) e máscara (estrangeiro) de um mesmo ser (nacional). O narrador, que nos pinta esse retrato repleno de encantamento e violência, revela-se tanto continuação quanto ruptura com esse ambiente e com essa história.
Referências
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