A representação da homoafetividade na literatura infantil a partir de <em>Meus dois pais </em>, de Walcyr Carrasco
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n24a35093Palavras-chave:
literatura infantil, literatura contemporânea brasileira, homoafetividade, Meus dois pais.Resumo
A contemporaneidade é marcada por diversos discursos que, via de regra, marginalizam e estereotipam grupos minoritários, contribuindo para a perpetuação de vários ideais como únicos: o branco, o masculino e o heteronormativo. Nesse ínterim, surgem diversas manifestações artísticas que contestam os lugares sociais pré-definidos, entre elas a literatura que, via de regra, reafirma seu lugar transgressor e visionário, ao trazer para o centro da questão as produções literárias oriundas desses grupos ou sobre eles. Nesse contexto, a literatura infantil, dialogicamente com outras áreas, como a história e a sociologia, por exemplo, deve se articular para contemplar, sob uma ótica positivada, as temáticas contemporâneas no tocante às discussões de gênero, às relações étnico-raciais, à homoafetividade etc., perspectivas que direcionam os leitores para a construção de uma psique tolerante, sobretudo, que contemple e aceite as diferentes configurações familiares, sem desconsiderar o lugar do imaginário, das subjetividades e do desenvolvimento cognitivo do público-alvo. A partir dessas questões norteadoras, objetivamos discutir, neste ensaio, a representação da homoafetividade na literatura infantil, bem como analisar a problematização das escolhas individuais e as novas configurações familiares, a partir da análise crítica de Meus dois pais (2010), de Walcyr Carrasco. Como aporte teórico, recorremos às discussões de Zilberman (2008; 2014), Colomer (2017), Candido (2006) entre outros, intentando alcançar que essas discussões contemporâneas forneçam subsídios para uma formação de leitores infantis pautada na equidade e no respeito às diferenças e às novas configurações familiares homoafetivas.
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