Inscrições na caderneta azul: as ficções diárias de Evando Nascimento
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n24a36802Palavras-chave:
ficção brasileira contemporânea, Evando Nascimento, literatura e diário, autoficção.Resumo
A escrita de Evando Nascimento é composta por quatro livros de ficção cujos textos vêm inscritos, ao final, com uma data: retrato desnatural: diários 2004-2007 (2008), Cantos do mundo (2011), Cantos profanos (2014) e A desordem das inscrições: contracantos (2019) formam o extenso diário íntimo do autor baiano. A partir da desmedida do diário, denominado “gênero dos gêneros” pelo escritor, o leitor é convidado a interatuar na textualidade. Este trabalho propõe prescrutar a literatura de Evando Nascimento por meio do pensamento da desconstrução, filosofia de Jacques Derrida. Diante da confluência de rastros e respirações, (de)compõe-se a literatura híbrida de Nascimento, que abriga em seu tecido humanos, bichos, plantas e coisas, entrecruzados em narrativas sob o dispositivo da autoficção. O eu que assina e data os diários transveste-se em outros/outras – traduz, no ato de sua performance, a potência ética e política da literatura, estranha instituição que nos convida à alteridade e à reinvenção.
Referências
BARTHES, Roland. “A morte do autor”. In: ______. O rumor da língua. Tradução de Mário Laranjeira. São Paulo: Brasiliense, 1988, pp. 66-70.
BLANCHOT, Maurice. “O diário íntimo e a narrativa”. In: ______. O livro por vir. Tradução de Leyla Perone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2005, pp. 270-278.
______. “A literatura e o direito à morte”. In: ______. A parte do fogo. Tradução de Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, 2011, pp. 311-351.
DELMASCHIO, Andréia. “O paradoxo da anônima autoria”. In: ______. A máquina de escrita (de) Chico Buarque. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2014, pp. 161-184.
DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. Tradução de Maria Beatriz M. Nizza da Silva. São Paulo: Perspectiva, 1971.
______. Salvo o nome. Tradução de Nícia. Adan Bonatti. Campinas: Papirus, 1995.
______. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Tradução de Marileide Dias Esqueda. Belo Horizonte: UFMG, 2014.
______. Demorar: Maurice Blanchot. Tradução de Flavia Trocoli e Carla Rodrigues. Florianópolis: UFSC, 2015.
______. Gramatologia. Tradução de Miriam Schnaiderman e Renato Janini Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 2017.
FOUCAULT, Michel. “A escrita de si”. In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Ditos e escritos V: Ética, sexualidade, política. Tradução de Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006, pp. 144-162.
FREUD, Sigmund. “Uma nota sobre o ‘bloco mágico’”. In: ______. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 19, pp. 253-262.
LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
NASCIMENTO, Evando. A solidariedade dos seres vivos. 2001. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2705200111.htm. Acesso em: 24 mar. 2019.
______. retrato desnatural: (diários – 2004 a 2007). Rio de Janeiro: Record, 2008.
______. “Matérias-primas: da autobiografia à autoficção – ou vice-e-versa”. In: NASCIF, Rose Mary Abrão; LAGE, Verônica Lucy Coutinho (Org.). Literatura, crítica, cultura IV: interdisciplinaridade. Juiz de Fora: UFJF, 2010, pp. 59-75.
______. Cantos do mundo. Rio de Janeiro: Record, 2011.
______. “A literatura à demanda do outro”. In: DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Belo Horizonte: UFMG, 2014a, pp. 7-42.
______. Cantos profanos. São Paulo: Biblioteca Azul, 2014b.
______. Derrida e a literatura: “notas” de literatura e filosofia nos textos da desconstrução. São Paulo: É Realizações, 2015.
______. “Autoficção como dispositivo: alterficções”. Revista Matraga, Rio de Janeiro, v. 24, n. 42, set./dez. 2017a, pp. 611-634.
______. Clarice e as plantas: uma literatura pensante. 2017b. Disponível em: https://revistacaliban.net/clarice-e-as-plantas-uma-literatura-pensante-22f3c3111f38. Acesso em 06 jul. de 2019.
______. A desordem das inscrições: contracantos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2019.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Ática, 1995.
PADILHA, Fabíola. “O a(u)tor e suas ‘interversões’ em retrato desnatural, de Evando Nascimento”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Brasília, n. 40, pp. 205-212, jul./dez. 2012.
______. “Autoficção: entre o espetáculo e o espetacular”. In: ANAIS do XIII Congresso Internacional da Abralic. Campina Grande, pp. 08-12, jul. 2013.
WOOLF, Virginia. As ondas. Tradução de Lya Luft. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea concordam com os seguintes termos:Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença Creative Commons (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pelo Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.
Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.