Nada será como antes, Ivan: notas sobre “O primo”, de Paulo Henriques Britto
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2021.v13n25a45459Palavras-chave:
Paulo Henriques Britto, Milton Nascimento, Clube da Esquina, ficção brasileira contemporânea, canção popularResumo
Escritor em atividade desde a década de 1980, Paulo Henriques Britto é conhecido sobretudo por sua carreira de poeta e tradutor. Até hoje, já traduziu mais de cem livros e publicou sete volumes de poesia, tendo recebido inúmeros prêmios importantes. Sua produção como ficcionista, por sua vez, é escassa. Antes do lançamento do livro de contos O castiçal florentino, em 2021, era composta de uma única obra, Paraísos artificiais, publicada em 2004, também de narrativas curtas. Nessa obra, em que se encontra “O primo”, objeto de análise neste ensaio, reúnem-se nove contos inicialmente elaborados, em sua maioria, entre 1972 e 1973, quando Paulo, com vinte e poucos anos, estudava cinema na Califórnia. Em “O primo”, Paulo faz o retrato de uma experiência forasteira, captando o ponto de virada da vida de um jovem: Ivan, o protagonista, efetua a travessia da adolescência para a vida adulta, a viagem do interior para a capital, caindo de paraquedas no ambiente da contracultura carioca em plena ditadura civil-militar. Esse ambiente avulta no texto com o avanço do enredo e fica ainda mais evidente quando duas músicas de Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento e Lô Borges, aparecem num momento crucial da trama. Neste ensaio, a intenção é fazer uma leitura do conto “O primo” em contraponto às canções do álbum, tendo em mira demonstrar como as letras e a estrutura das canções atravessam o conto e expandem seu horizonte de sentido. Acreditamos que há uma sintonia fina entre aspectos do texto e elementos da canção; é essa sintonia que investigamos. Assim, acompanhamos alguns passos de Ivan na casa de seu primo Reginaldo e mostramos o quanto as canções colocam em cena um ambiente típico da contracultura do Rio de Janeiro da década de 1970.
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