Flor de Mandacaru: literatura de cordel em Língua Brasileira de Sinais
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2022.v14n28a55789Palavras-chave:
literatura surda, literatura de cordel, cordel em Libras, estudos culturais, literatura.Resumo
Este trabalho apresenta uma análise de um cordel criado em Língua Brasileira de Sinais (Libras), feito por uma autora surda e que aborda o tema da cultura nordestina. Essa possibilidade só surgiu após alguns anos, pois a literatura surda possui registros apenas a partir da década de 1960 por causa do contexto acadêmico e político de pouco reconhecimento das línguas de sinais. Atualmente, os estudos de literatura surda classificam as obras com base em sua tradução, adaptação ou criação original das obras literárias sinalizadas. A literatura de cordel em Libras se constitui em um ponto de interseção entre a cultura surda e a cultura nordestina. Nesse cenário, foi investigado o modo como a pessoa nordestina foi retratada no cordel e quais foram as estratégias empregadas para a adaptação à Libras de um gênero literário típico da cultura oral de língua portuguesa. Almejei, então, analisar os sinais utilizados para fazer referência à cultura e às pessoas nordestinas, e as estratégias visuais manipuladas como referência a elementos da literatura de cordel. A interpretação da obra, adaptada para o português, foi transcrita; e capturas de tela foram mostradas para evidenciar a descrição e a análise. Como resultado, aponto que o cordel em Libras, dentro de uma moldura de tela com textura de palha e trajes regionais que transpõem o gênero para uma modalidade sinalizada, se refere às pessoas nordestinas como “sonhadoras”, “trabalhadoras”, “corajosas”, e revela vivências comuns a pessoas nordestinas surdas e ouvintes, desmascarando o preconceito linguístico e a xenofobia.
Referências
BRASIL. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 19 out. 2022.
CAMPOS, Klícia de Araújo. Literatura de cordel em Libras: os desafios de tradução da literatura nordestina pelo tradutor surdo. 2017. 268 f. Dissertação (Pós-Graduação em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185578. Acesso em 15 out. 2022.
FELIPE, Tanya Amara. LIBRAS em contexto: curso básico. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial, 1997.
FELIPE, Tanya Amara. LIBRAS em contexto: curso básico. 8ª ed. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial, 2007.
PORTO, Shirley Barbosa Neves; PEIXOTO, Janaína. Aguiar. Literatura visual. João Pessoa: UFPB, 2011. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/libras/wp-content/uploads/2017/02/Literatura-Visual.pdf. Acesso em: 22 out. 2022.
SOUZA, Eneida Maria de. Estudos culturais e literatura [jun. 1998]. Belo Horizonte: TV Universitária de Belo Horizonte/TV UniBH, 26 de jun. de 1998. Entrevistador: Helton Gonçalves de Souza. Entrevista concedida ao programa “Vereda Literária”. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=w_46SbcVDic. Acesso em: 20 out. de 2022.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: EdUFSC, 2008.
STROBEL, Karin. História da educação de surdos. Florianópolis: EdUFSC, 2009. Disponível em: http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacaoDeSurdos/assets/258/TextoBase_HistoriaEducacaoSurdos.pdf. Acesso em: 25 nov. 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea concordam com os seguintes termos:Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença Creative Commons (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pelo Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.
Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.