Higeia ao dormir e ao acordar

Autores

Palavras-chave:

Asclépio, Higeia, mulheres médicas, rituais de cura, saúde

Resumo

O culto de Asclépio, deus da cura, ganha grande notoriedade entre os gregos a partir do século V a.C. Chama a atenção a jovem que, muito recorrentemente, aparecerá ao lado desse deus, seu nome é Higeia, deusa da saúde. Colocada como a filha mais importante de Asclépio, ela será honrada, ao lado do pai, em cultos públicos e privados, formando um par ritualístico incomum na religião grega antiga. Ao longo do tempo, Higeia será referenciada em uma infinidade de situações que vão além dos cultos de cura. Por exemplo: o pão e o vinho consumidos em simpósios e rituais eram chamados de “Higeia”; a saudação cotidiana feita entre as pessoas ao se verem e antes de dormir também levava seu nome; seu hino é citado como um dos mais populares entre os gregos. Dessa maneira, a saúde, personificada em uma deusa presente em múltiplos contextos, pode nos fazer refletir sobre a importância dos elementos femininos na construção do cotidiano grego antigo, como também pode ser reveladora do papel das mulheres na manutenção da boa saúde dos indivíduos.

Biografia do Autor

João Vinícius Gondim Feitosa, Universidade Federal de Pernambuco

Aluno do doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco é Mestre em História e Espaço pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2014). Possui graduação em Bacharelado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2011) e graduação em Licenciatura em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2010). Tem experiência na área de ensino e pesquisa em História, com ênfase em História Antiga, atuando principalmente nos seguintes temas: cura, espaço, gênero e rito.

Referências

Fontes

ARTEMIDORO. Sobre a interpretação dos sonhos. Tradução Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

ATHENAEUS. The Learned Banqueters. Volume V: Books 10.420e-11. Edição e tradução Douglas Olson. Loeb Classical Library 274. Cambridge: Harvard University Press, 2009.

HONDIUS, Jacob E. (ed.). Supplementum Epigraphicum Graecum. Vols. 1-11. Leiden, 1923-1954.

KIRCHER, Johannes (ed.). Inscriptiones Graecae II et III: Inscriptiones Atticae Euclidis anno posteriors. 2 ed., partes I-III. Berlin: Reimer, 1913-1940.

LUCIANO. Luciano IX. Tradução do grego, introdução e notas de Custódio Magueijo. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.

MENANDROS. Menandri Sententiae: Comparatio Menandri et Philistonis. Edição Siegfried Jäkel. Lipsiae in aedibus B. G. Teubneri, 1964. Disponível em: <https://www.hs-augsburg.de/~harsch/graeca/Chronologia/S_ante03/Menandros/men_gn00.html>. acesso em 19 out. 2022.

PAUSÂNIAS. Descrição da Grécia. Livro 2. Introdução, tradução e notas de Maria de Fátima da Silva. Coimbra: Imprensa Universitária de Coimbra, 2022.

VON GAERTRINGEN, Friedrich Hiller (ed.). Inscriptiones Graecae IV: Inscriptiones Argolidis. 2 fasc., parte 1. Berlin: Reimer, 1929.

Referências bibliográficas

ANDRADE, Marta Mega de. Palavra de Mulher: sobre a “voz das mulheres” e a história grega antiga. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 40, n. 84, p. 119-140, 2020.

BEAUMONT, Lesley. Born old or never young? Femininity, childhood and the goddess of ancient Greece. In: BLUNDELL, Sue; WILLIAMSON, Margaret. The sacred and the feminine in Ancient Greece. Londres; Nova Iorque: Routledge, 1998, pp. 57-73.

BURKERT, Walter. Antigos cultos de mistérios. Tradução Denise Bottman. – São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 1991.

CANDIDO, Maria Regina. A feitiçaria na Atenas Clássica. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2004.

CANDIDO, Maria Regina. Mulheres estrangeiras e as práticas da magia na Atenas do século IV a.C. In: FUNARI, Pedro Paulo; FEITOSA, Lourdes Conde; SILVA, Glaydson José da. Amor, desejo e poder na Antiguidade: relações de gênero e representações do feminino. São Paulo: FAP-UNIFESP, 2014, p. 153-170.

COMPTON, Michael T. The Association of Hygieia with Asklepios in Graeco-Roman Asklepieion Medicine. Journal of the History of Medicine and Allied Sciences. Oxford, v. 57, n. 3, pp. 312-329, jul. 2002.

KING, Helen. Hippocrates’ woman: Reading the female body in Ancient Greece. Londres; Nova Iorque: Routledge, 1998.

KING, Helen. Self-help, self-knowledge: in search of the patient in Hippocratic gynaecology. In: HAWLEY, Richard; LEVICK, Barbara. Women in Antiquity: New assessments. Londres; Nora Iorque: Routledge, 1995, p. 135-148.

LEVEN, Pauline Anaïs. The Many-Headed Muse: traditional and innovation in Late Classical Greek Lyric Poetry. Cambridge; Nova Iorque: Cambridge University Press, 2014.

LEVENTI, Iphigeneia. Η εικονογραφία της Υγείας στα κλασικά χρόνια. Departamento de Arqueologia e História da Arte, Εθνικό και Καποδιστριακό Πανεπιστήμιο Αθηνών, Atenas, 1992.

LORAUX, Nicole. O que é uma deusa? In: DUBY G.; PERROT M. (Org.). História das Mulheres no Ocidente. Volume 1. Porto: Edições Afrontamento, 1990, p. 31-75.

SCOTT, Calloway B. Asklepios on the move: Health, Healing, and Cult in Classical Greece. Department of Classics, New York University, Nova Iorque, 2017.

SILVESTRI, Filomena. Una divinidad poco estudiada: Hygíeia. Testimonios epigráficos y culto en la Atenas clásica. Antesteria, Madri, n. 8, pp. 27-38, mai. 2019.

SMITH, Amy Claire. Polis and Personification in Classical Athenian Art (Monumenta Graeca Et Romana, v. 19). Leiden; Boston: Brill, 2011.

STAFFORD, Emma J. ‘Without you no one is happy’: the cult of health in ancient Greece. In: KING, Helen. Health in Antiquity. Londres; Nova Iorque: Routledge, 2005, pp. 120-135.

STAFFORD, Emma J. Greek cults of deified abstractions. Departamento de grego e latim, University College London, Londres, 1998.

TAMBORNINO, Julius. Hygieia. In: PAULY-WISSOWA. Realencyclopädie der classischen Altertumswissenschaft. V. 9, 1 (Colunas: 93-97). Stuttgart: J. B. Metzlersche Buchhandlung, 1914.

WAINWRIGHT, Elaine M. Woman Healing/Healing woman: the Genderization of healing in Early Christianity. Londres, Oakville: Equinox, 2006.

Downloads

Publicado

2024-04-22

Como Citar

Feitosa, J. V. G. (2024). Higeia ao dormir e ao acordar. GAÎA, 14(1), 75–91. Recuperado de https://revistas.ufrj.br/index.php/gaia/article/view/57312