Clarice Lispector, an (im)possible reader of Virginia Woolf

Autores

  • Patricia Marouvo Fagundes

Resumo

O biógrafo Benjamin Moser (2011) relata que Clarice Lispector não apreciava comparações feitas entre a sua escritura e a de Virginia Woolf. Tendo se familiarizado com o trabalho da autora inglesa somente depois de ter publicado seu primeiro romance, Perto do coração selvagem (1943), Clarice Lispector afirmou que a razão pela qual refutou ter sido influenciada se devia ao suicídio de Woolf, que ela jamais poderia perdoar. De acordo com a escritora brasileira, cometer suicídio significaria interromper a continuidade da vida e, portanto, a horrível tarefa de sustentar o porvir. Entretanto, alguns trabalhos de Lispector parecem estabelecer um diálogo com as personagens icônicas de Woolf, como “Judith”, a irmã ficcional de Shakespeare de A Room of One's Own (1928), por exemplo, como Moser propõe ao analisar o ensaio de Lispector, intitulado “A irmã de Shakespeare” (1952). Outro aspecto convergente nos romances de ambas escritoras é o uso de diferentes imagens do não-humano, que sugerem o indizível que jaz nos recessos da linguagem, especialmente discernível em Água viva (1973) e The Waves (1931). Este artigo busca analisar similaridades comparáveis nesses romances no que tange o complexo metafórico derivado dos diferentes usos das imagens da água, que ambas as autoras utilizam, a fim de melhor compreender as filosofias traçadas em suas obras e a (im)possibilidade de escapar a influência de outro artista.


Palavras-chave: leitura; influência; água; linguagem

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Publicado

2018-02-10

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Seção

Artigos