Erotismo e identidade negra na obra amadiana Gabriela, Cravo e canela
Resumo
Este artigo aborda a obra Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, sob a perspectiva do erotismo envolvendo personagens negras. Objetivou-se analisar as marcas de identidade negra que configurem o campo semântico acerca do erotismo presentes na obra de Jorge Amado; e especificamente identificar as estratégias de seleção vocabular para descrição de tais características culturais reconhecidas na narrativa; e descrever os registros de diferença identitária que compõem a obra. O trabalho sustenta-se principalmente em pressupostos teóricos de literatura (COUTINHO, 2008; COMPAGNOM, 2010), identidade (BERND, 2003) e erotismo (ALBERONI, 1988; ARAUJO, 2005). Utilizou-se o método regressivo-progressivo, técnicas de pesquisa exploratória, pesquisa bibliográfica e pesquisa analítica num trabalho teórico-bibliográfico. Constou-se que a obra amadiana possui temática vária, quando narra todo o cotidiano da cidade de Ilhéus, mas afunila-se no âmbito da paixão que domina seus personagens, principalmente Gabriela, a mulata que a protagoniza. A análise encontra em personagens negros e mulatos e suas relações de desejo, amor, paixão e erotismo descritas pelo autor uma rica discussão acerca da identidade negra e seus desdobramentos. A seleção vocabular que Jorge Amado imprime na obra registra uma grande abordagem em torno do campo semântico do erotismo, em que a sensualidade da etnia negra é elevada a uma marca identitária maior, carregada de uma intencionalidade em transcrever um discurso incutido no imaginário nacional.
Palavras-chave: Identidade negra. Erotismo. Jorge Amado.
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