O bicho, a bicha, a louca e a máquina

Autores

  • Otávio Campos Vasconcelos Fajardo UFMG
  • Arthur Daibert Machado Tavares UERJ

Resumo

Quanto mais rígida é a determinação da normalidade, mais proliferam, em contraposição, as anormalidades, os corpos desviantes. De maneira simplificada, é visível que há a construção de dois polos: o dentro e o fora. O que nos interessa neste trabalho é pensar a construção desse fora, que aparece no discurso médico normativo como uma expressão da patologia, com seu viés etimológico passivo, orientado para a produção de identidades e pessoas. Mas os corpos anormais não são apenas matéria passiva de incorporação da norma, sendo também um espaço de criação, que se faz corpo estranho perturbando as agregações petrificadas do corpo social. É nessa direção que percebemos o surgimento de vozes políticas em sua potência criativa, que vêm furar o muro da dicotomia entre normalidade e anormalidade. Colocaremos em análise as obras recentes, mas não por isso menos consistentes, de duas artistas que exercitam esse campo de tensão: a cantora e performer Linn da Quebrada e a poeta e artista plástica Carla Diacov. São vozes essas que surgem a partir de tal regime paa colocar em questão os modos de subjetivação hegemônicos. Seus trabalhos se voltam de diferentes maneiras para as questões de gênero e sexualidade e para a problematização da experiência com a loucura. O texto poético, portanto, será aqui posto em movimento como uma ficção que pode fazer vibrar novas linhas de fuga e como espaço de ampliação vocal das forças insurgentes contemporâneas.

Biografia do Autor

Otávio Campos Vasconcelos Fajardo, UFMG

Doutorando em Estudos Literários pela UFMG

Arthur Daibert Machado Tavares, UERJ

Mestrando em Psicologia Social pela UERJ

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Publicado

2020-04-19