Viver é vibrar: estética e cosmologia de Raul Pompeia em "Canções sem metro"
Resumo
Publicadas inicialmente em diversos jornais ao longo da penúltima década do século XIX – e lapidadas com apuro pelo autor no referido período –, às Canções sem metro, de Raul Pompeia, é unanimemente atribuído o pioneirismo do poema em prosa e do Impressionismo na Literatura Brasileira (JÚNIOR, 2014, p. 69). A análise que se segue traça, inicialmente, um breve histórico da produção, publicação em jornais e revistas e posterior compilação das Canções em livro (1900). Segue trazendo à tona a visão de Raul Pompeia em relação à arte em si, composta pela defesa da interligação entre esta e a harmonia do cosmo, do ritmo/eloquência como pilar da estrutura do poema, da rebeldia contra a metrificação cerceadora e da imagem como recurso avivador do enunciado. Aproveita-se esses apontamentos como ponto de partida de uma incursão panorâmica no arcabouço crítico e teórico sobre o poema em prosa. A análise passa, então, para uma etapa de cunho formal e crítico-interpretativo. A totalidade dos 33 poemas que compõem as Canções sem metro será alvo de atenta observação. Quer-se, com isso, não só delas apontar as principais características formais como, também, extrair seus sentidos e significados. Além disso, visa-se verificar se houve coerência entre as Canções e os tais apontamentos estéticos de Raul Pompeia, presentes tanto em textos publicados em distintos jornais como, inclusive, nas falas do personagem Dr. Cláudio, do romance O Ateneu, também de sua autoria.
Referências
BERNARD, Suzanne. Le poème em prose: de Baudelaire jusqu’a nous jours. Paris: Nizet, 1959.
BOSI, Alfredo. Raul Pompeia. In: BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 1974.
FRANCO BAPTISTA SANDANELLO. Raul Pompeia, leitor de Baudelaire: da teoria das correspondências às Canções sem metro. Revista Opiniães, São Paulo, n. 3, p. 63-73, 2011.
IVO, LEDO. O universo poético de Raul Pompeia. Rio de Janeiro: São José, 1963.
JÚNIOR, Gilberto Araújo de Vasconcelos. O poeta Raul Pompeia: as Canções sem metro e o poema em prosa no Brasil. 2011. 222f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
_________________. O poema em prosa no Brasil (1883 – 1898): origens e consolidação. 2014. 301f. Tese de Doutorado – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
_________________. O pioneirismo das Canções sem metro, de Raul Pompeia. In: COUTINHO, Eduardo F. (Dir.). Raul Pompeia. Coleção Fortuna Crítica (v.8), Foz do Iguaçu: Edunila, 2016.
JEFFERSON AGOSTINI MELLO. O poema em prosa no Brasil: ângulos de experimentação. Teresa revista de literatura brasileira, São Paulo, n. 14, p. 95-110, 2014.
MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira. Volume IV: o simbolismo (1893-1902). 2.ª ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1967.
MARCIANO LOPES E SILVA. A recepção crítica das Canções sem metro, de Raul Pompeia. Revista Acta Scientiarum, Maringá, v. 24, n. 1, p. 013-018, 2002.
__________________________. Raul Pompeia: impasses de um formalista avant la lettre. Revista Acta Scientiarum, Maringá, v. 24, n. 1, p. 019-028, 2002.
__________________________. A Pandora de Raul Pompeia. Revista Acta Scientiarum, Maringá, v. 24, n. 1, p. 029-038, 2002.
MÖLK, Ulrich. Impressionistischer Stil. In: KULLMANN, Dorothea. Erlebte Rede und Impressionistischer Stil. Göttingen: Wallstein, 1995.
NETO, Flavio Quintale. Ideias estéticas e filosóficas nos romances O Ateneu, de Raul Pompeia, e Die Verwirrungen des Zöglings Törless, de Robert Musil. 2007. 194f. Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo/Universität Konstanz, São Paulo/Konstanz, 2007.
MURPHY, Margueritte S. A tradition of subversion: the prose poem in English from Wilde to Ashbery. Amherst: University of Massachusetts, 1992.
PLACER, Xavier. O poema em prosa. Brasília: MEC, 1962.
PIGLIA, Ricardo. Formas breves. Tradução de José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
POMPEIA, Raul. Canções sem metro. Rio de Janeiro: Tip. Aldina, 1900.
______________. Obras. Volume II: O Ateneu. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; OLAC, 1981.
______________. Obras. Volume X: Miscelânea; fotobiografia. Rio de Janeiro: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis; OLAC, 1991.
______________. O Ateneu. 17ª ed. São Paulo: Ática, 1997.
ROUMETTE, Julien. Les poèmes en prose. Paris: Ellipses Éditions, 2001.
SCOTT, Clive. O poema em prosa e o verso livre. In: BRADBURY, M. & MCFARLANE, J. Modernismo: guia geral. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
SHELLEY, Percy B. Uma defesa da poesia e outros ensaios. São Paulo: Landmark, 2008.
TODOROV, Tzvetan. La poésie sans vers. In: TODOROV, Tzvetan. La notion de littérature et autres essais. Paris: Éditions Du Sueil, 1987.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).