Preceitos patriarcais e a representação da mulher em A Hora Do Ruminantes de J. J. Veiga
Resumo
O presente trabalho pretende analisar como se dá a representação da mulher no romance A hora dos ruminantes, de José J. Veiga, publicado em 1966. Sob esse viés, o objetivo deste trabalho é refletir sobre o romance a partir da ideia de que a ideologia patriarcal é predominante na comunidade de Manarairema, espaço no qual se desenrola a narrativa. Contudo, devido à inserção de novos valores quanto à figura da mulher como gênero na sociedade, advindas das lutas dos movimentos feministas no Brasil, mesmo encerradas no espaço privado do lar, o romance mostra manifestações de resistência praticadas pelas personagens femininas, caracterizando a representação da mulher em contexto de opressão. Para isso, serão convocadas as considerações de Simone de Beauvior (1970), Constância Lima Duarte (2003), Pierre Bourdieu (2002) e Zygmunt Bauman (1998; 2001), a fim de identificar a representação da personagem feminina na modernidade: mulheres que combatem as amarras do patriarcado, subvertem a opressão social e cultural, para então, construírem suas próprias identidades.
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