Não-Obra: O Leitor, um Abismo
Resumo
Estamos diante de uma obra que difere. Em panorama da crítica literária no Brasil, por exemplo. A necessidade de reconhecer a literatura imbricada na violência do processo de colonização e encontrar alguma diferença nacional que denote uma identidade imanente à cultura e à história fizeram com que a crítica trilhasse caminhos predominantemente distintos, mais atentos, portanto, à face histórica da obra literária -- ainda que tal face histórica se apresente como elemento formal constitutivo da obra. A crítica que surge com a vanguarda concretista observa esta história da crítica literária “pau-brasil” e a repropõe sob o signo da “antropofagia”. Mas há outra crítica que, como releitura da semiologia barthesiana, se coloca em diferença ao panorama -- ela poderia se chamar mais de um nome, alguns; por ora, vamos chamá-la de Roberto Corrêa dos Santos. Esta diferença se coloca nos termos de uma leitura singular da atuação do significante na experiência crítica, traduzida pelo conceito do traço: “trabalhando no escuro”, produzindo “significações em posterioridade”, o traço oscila entre uma escrita crítica que experimenta sintaticamente e uma literalidade do conceito que se transforma em traços gráficos ou desenhados que são intercalados de modos diversos às palavras do texto. A partir do percurso do traço no conjunto da obra de Roberto Corrêa, que vai do conceito ao gesto, propomos uma leitura da crítica literária como um discurso que incorpora a estrutura de autonegação da obra de arte moderna como elemento de suspeita do saber sobre literatura e como focalização do leitor no centro da experiência crítica.Referências
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