As Possibilidades para o Corpo na Poesia de Leonardo Fróes
Resumo
Na base da poética de Leonardo Fróes se encontra uma aguda crítica ao antropocentrismo. O fugere urbem inscrito em sua poesia se justifica pelo fato de que na cidade o homem convive quase exclusivamente com outros de sua espécie -- e o isolamento em relação ao conjunto maior de seres, a natureza, acaba por deixá-lo artificial e parcialmente auto-referenciado. Já vimos [ii] que a principal estratégia sugerida por Fróes para driblar tamanho equívoco é a dissolução da subjetividade em meio ao ambiente natural, promovendo uma integração entre os reinos supostamente divididos: animal, vegetal e mineral ( Pucheu : 1999). O devir imposto ao sujeito em êxtase se traduz poeticamente através de imagens que procuram denunciar o confinamento antropomórfico, principal setor da caverna espelhada do antropocentrismo. Assim, seria possível inserir a obra de Leonardo Fróes entre as expressões artísticas empenhadas em subverter o projeto que, a partir dos fins do Século das Luzes, como uma “verdadeira obsessão”, procurou “‘fixar' a face do homem” e “confinar o ser humano num retrato imóvel e definitivo” ( Moraes : 2002, p. 19).
Referências
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