JÓ: GRITO A UM DEUS ABSOLUTO?

Autores

  • Nilton José dos Anjos de Oliveira UFR

Resumo

Para quem Jó grita? O grito é concomitantemente para diminuir a distância do outro quando é chama (chamamento), mas também para aumentá-la quando inflama (inflamação). Grita-se para sustar a dor com uma presença que alivie. Grita-se para assustar a dor que vem com o verdugo que se aproxima ou para expelir a dor que já tortura. De qualquer maneira o grito sempre (d)enuncia uma presença , reconhecível ou não, querida ou não, seja a presença de uma presença, seja a presença de uma ausência. Além disso, todo grito é sintético, não se explica como não explica. O grito é um sopro sonoro: nada cria, somente constata e mesmo quando é de alegria arrisca-se a incomodar outro. O grito é de um jeito ou de outro: incômodo. O grito é cifrado e só pode ser decifrado quando já se desfez. Só o alvo do grito é capaz de compreender quem grita. Aos que estão na periferia do grito só resta dizer ao que grita: acalme-se. Não nos interessa discutir quais os motivos de Jó, mas simplesmente certificar de que pelo fato de Jó gritar, ele sente uma presença que em absoluto é absoluta.

Referências

Fiodor M. Dostoyevski. Demonios , pp.22-23. Obras Completas V. Madrid: Aguilar, 2003.

Maria Zambrano. El hombre y el divino , p.184. Madrid: Fondo de Cultura Económica, 2005.

Cf. Nicolau de Cusa. A visão de Deus , p. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988.

Martin Buber. Qué es el hombre? ,p.107. Madrid: Fondo de Cultura Económica, 1986.

Maria Zambrano. op.cit ., p.197.

Jó 13, 24.

Como nos lembra Frei Luis de León, reiteradas vezes nas Sagradas Escrituras, sedento quer dizer salteador, ladrão.Exposición de l Libro de Job , pp.111 e 312. Obras Completas II. 5ª. ed. Madrid: La Editorial Católica , 1991.

Martin Buber, op.cit ., p.63.

Pierre Klossowski. Sade mj prójimo, p.58. Madrid: Arena Libros, 2005.

Jean Paul. Alba del nihilismo , pp.45-57. Madrid: Ediciones Istmo, 2005.

Maria Zambrano, op.cit ., p.145.

Pierre Klossowski. op.cit., pp.78-79.

Jó 10,12-14.16-17.

Franz Rosenzweig. La estrella de la Redención , p.231. Salamanca: Ediciones Sígueme, 1997.

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2017-02-05

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Artigos