Indícios da eroticidade nordestina em Peba na pimenta do poeta João do Vale (1933-1996)

Autores

  • Solange Santana Guimarães Morais

Resumo

Quando surgiram os primeiros relampejos mentais de como produzir este ensaio, uma questão cintilou-se logo em face das demais: qual linguagem, ou mais precisamente, quais formas dialetais utilizar no tratamento de um dos assuntos mais interditados historicamente para as “meninas”, em todos os tempos? Como falar de erotismo, eroticidade, sem fazer referências aos órgãos genitais feminino e masculino? Usar quais palavras para expressá-los? E usá-las como quem usa: o médico, o acadêmico de um modo geral ou como faz, ainda, o sertanejo brasileiro médio, aquele que tem no máximo o ensino básico? Para este, expressões como falo, pênis ou vulva, vagina etc não estão presentes nas relações do dia-a-dia. Mas e os riscos de urdir uma narrativa com pretensões de eroticidade que venha a ser recepcionada como pornográfica? Mas será tão fácil dizer: isto é literatura, arte; aquilo é pornografia, trash?! O mais provável é que essas identificações sofram fortes influências da moral e do que se percebe como literatura ou como arte no seu tempo de produção (MIRADOR, 1993)

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Publicado

2011-08-30

Edição

Seção

Artigos