Miscelâneas carnavalescas: Walter Benjamin, modernidades e crônicas da melanco-folia no Rio de Janeiro da Primeira República

Autores

  • André Luis Mourão de Uzêda

Resumo

Diante da leitura do título deste trabalho, somos logo induzidos à questão: como aproximar Walter Benjamin e carnaval? Afinal, como seria possível aproximar, de um lado, a melancolia, a memória dos oprimidos e a descrença na modernidade e no progresso ao riso, à galhofa, à pândega e à alegria, por outro? Esse texto é síntese de alguns dados de nossa pesquisa no mestrado em Ciência da Literatura junto às crônicas carnavalescas publicadas no Jornal do Brasil no período de 1904 a 1930, amadurecido durante um curso sobre o conceito de história para Walter Benjamin. O que propomos com este ensaio, na realidade, é tentar compreender o panorama literário carioca no período da Belle Époque tendo como base a proposta dialética de Benjamin de se repensar o conceito de história, pautados no que chamou de “princípio da montagem”. Para isso, atentaremos, como propõe seu pensamento, para o estudo dos particulares, das minúcias, aos detalhes ou fragmentos do cotidiano para, a partir de então, reconstituir uma imagem do “todo” da história que pudesse “explodir” com o continuum historicista. Nosso enfoque, como ressalta a epígrafe deste trabalho, é para o estudo das crônicas. Através do olhar dos cronistas para essas particularidades do cotidiano, o que propomos aqui é esboçar uma leitura do contexto cultural e literário carioca do período que se segue à proclamação da República Brasileira no “moderno” e “civilizado” Rio de Janeiro da Belle Époque, em especial ao que se refere às práticas culturais das classes populares.

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Fontes e periódicos

Jornal do Brasil, fevereiro/março de 1914 a 1924.

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Publicado

2011-08-30

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Seção

Artigos