O que há de novo na velha história? O atual e o contemporâneo nas releituras de Chapeuzinho Vermelho
Resumo
Buscar o novo parece uma tarefa inútil numa época em que já se acatou a morte deste como fato consumado. Tarefa aparentemente tão inexecutável quanto a da donzela que, trancada no quarto real, tem de tecer palha em ouro, mas, como sempre ocorre nos campos do maravilhoso, entra um anão coxeando e salva-lhe da morte iminente, levando-a, por isso, à condição de rainha. Na vida real, faltam anões salvadores, fadasmadrinhas, objetos mágicos. A magia real é alcançada pela palavra, que consegue sem recalques transformar o sapo no príncipe, o príncipe no sapo, o velho em criança, a certeza em indecisão. Sendo a palavra esse lugar onde é possível ‘ser' e também ‘não ser', a vida se vai apresentando, disfarçada, colorida, tecida em mil dias para ser desfeita no escondido da madrugada, de modo a perdurar o disfarce revelador: somos nós que nos construímos e, assim sendo, não nos sabemos nunca, porque nunca nos acabamos. A palavra é reveladora, se temos como vê-la, ou como guardá-la. A palavra também é transformadora, se a usamos para tocar em feridas arraigadas e, por essa razão, imperceptíveis porque nos insensibilizamos e acostumamos com elas.Referências
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