VISÕES DO FOGO: SENTENÇAS HERACLIÌTICAS ILUMINANDO O MITO SEBASTIAÌ‚NICO
Resumo
Percurso 1. SeÌculos XII-VIII a.C. - GreÌcia Arcaica, sociedade eminentemente oral. A poesia eÌ o fundamento da sociedade grega. Por ela, leis são dispostas, ritos celebrados, passado presentifica-se e o universo eÌ explicado. Na voz dos aedos e rapsodos, a poieÌsis congrega deuses e homens, palavra-ação-germinação. O mundo de Homero, HesiÌodo e HeraÌclito apresenta mito (μυθος) e loÌgos (λογοσ) na conflueÌ‚ncia das origens.
Percurso 2. SeÌculo XVI d.C. - Portugal espera um rei ardentemente. O desejado nasce, e o reino não cai em mãos espanholas. Aos 23 anos, na AÌfrica, numa batalha contra os mouros, o rei perece. Torna-se “o encoberto” e Portugal volta a sonhar com o seu retorno para a fundação do Quinto ImpeÌrio. As coloÌ‚nias portuguesas passam a alimentar o mito do ocultamento, propagando-o atraveÌs de narrativas orais, trovas, cantos, cartas e sermões.
Percurso 3. SeÌculo XXI. Passados quatro seÌculos, o rei ainda eÌ esperado nas nações lusoÌfonas dos cinco continentes e re-ssurge nas artes verbais faladas, cantadas e escritas. EÌ assim que, no Maranhão, a figura do Rei Sebastião soa familiar tanto na Ilha de São LuiÌs (capital), quanto na Ilha de LençoÌis, uma comunidade de pouco mais de 500 habitantes, a oeste do estado, na região das reentraÌ‚ncias maranhenses. Numa prosa informal, nas doutrinas entoadas por pajeÌs, nas manifestações populares, na muÌsica e na literatura, o rei aguarda o grande dia: quando seu reino emergiraÌ do fundo do oceano, para fundar, em São LuiÌs, o novo ImpeÌrio.
Referências
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REGISTROS SONOROS E VIDEOGRAÌFICOS
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