A TELENOVELA COMO “LITERATURA PREÌ‚TE-AÌ€-PORTER”: UMA OBRA MENOR?

Autores

  • Patrícia de Miranda Iorio UFRJ

Resumo

Com raras exceções, o mundo acadeÌ‚mico torce o nariz para a telenovela. Artigo de consumo da cultura de massa, sem poder criativo (apenas repetitivo) e sem valor artiÌstico; mero entretenimento destinado a adestrar autoritariamente as reações do espectador, a atrofiar-lhe a imaginação e a espontaneidade. Assim, a dramaturgia televisiva, condenada ao limbo das narrativas de segunda classe, sucumbe no purgatoÌrio da InduÌstria Cultural como produto barato, peça de liquidação: exposta em prateleira atraente (a miÌdia), oferecida quase de graça (programação da teveÌ‚ aberta) e pronta para agradar o gosto do fregueÌ‚s (atender a uma demanda massiva), poucos se arriscam a defender sua qualidade. No Brasil, exaltam-na por sua grande penetração popular, por ter conquistado o mercado externo, por se manter viva apesar nos inuÌmeros prenuÌncios de faleÌ‚ncia, por provocar poleÌ‚micas, mobilizar a opinião puÌblica, ser o cartão de visitas da maior rede de televisão do paiÌs. Todos estes meÌritos, no entanto, não são capazes de outorgar-lhe a honra de ser considerada obra de arte. 

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Publicado

2008-04-30

Edição

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Artigos