O gosto como arbitrário cultural no campo do design
Palavras-chave:
Campo do Design, Crítica, Gosto.Resumo
Este artigo pretende discutir criticamente a formação histórica do gosto no campo do Design, especialmente a partir de determinantes sociais – mais particularmente, a instância da educação formal, ou seja, o ensino em escolas de Arte e Design. Considerando o gosto como arbitrário cultural, como algo construído socialmente, com diretrizes definidas e institucionalizadas por instâncias legitimadoras da sociedade, tomamos os escritos de Lebreton e de Manuel de Araújo Porto Alegre acerca da criação da primeira escola de Artes no Brasil, Ethel Leon, sobre o IAC, e Alberto Cipiniuk, sobre o campo do Design, para problematizarmos a noção de gosto, discutirmos sua definição como produto social e sua operação enquanto arbitrário cultural. Buscamos definir como o gosto, algo imposto por um processo de inculcação e imposição – assimilação e repetição –, acaba por se caracterizar como mera expressão de valores sociais, e não algo em si, algo que se justifica e se encerra em sua singularidade. Consideramos a aplicação desse viés de investigação para estudos do campo do Design, pois, do contrário, podemos nos encontrar diante de percepções superficiais e alienadas das dinâmicas culturais e sociais que nele imperam.Referências
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