O gosto como arbitrário cultural no campo do design

Autores

  • Fabiana Oliveira Heinrich

Palavras-chave:

Campo do Design, Crítica, Gosto.

Resumo

Este artigo pretende discutir criticamente a formação histórica do gosto no campo do Design, especialmente a partir de determinantes sociais – mais particularmente, a instância da educação formal, ou seja, o ensino em escolas de Arte e Design. Considerando o gosto como arbitrário cultural, como algo construído socialmente, com diretrizes definidas e institucionalizadas por instâncias legitimadoras da sociedade, tomamos os escritos de Lebreton e de Manuel de Araújo Porto Alegre acerca da criação da primeira escola de Artes no Brasil, Ethel Leon, sobre o IAC, e Alberto Cipiniuk, sobre o campo do Design, para problematizarmos a noção de gosto, discutirmos sua definição como produto social e sua operação enquanto arbitrário cultural. Buscamos definir como o gosto, algo imposto por um processo de inculcação e imposição – assimilação e repetição –, acaba por se caracterizar como mera expressão de valores sociais, e não algo em si, algo que se justifica e se encerra em sua singularidade. Consideramos a aplicação desse viés de investigação para estudos do campo do Design, pois, do contrário, podemos nos encontrar diante de percepções superficiais e alienadas das dinâmicas culturais e sociais que nele imperam.

Referências

BARATA, Mario. Manuscrito Inédito de Lebreton. 1816. Revista do IPHAN – MEC, Rio de Janeiro. n. 14, 1959.

BOURDIEU, Pierre. A metamorfose dos gostos. Trad. Jeni Vaitsman. In: ___. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 127-135.

BOURDIEU, Pierre & PASSERON, Jean-Claude. La reproduction. Paris: Minuit, 1970.

CIPINIUK, Alberto. Design: o livro dos porquês: o campo do Design compreendido como produção social. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Ed. Reflexão, 2014.

LEON, Ethel. IAC – Primeira escola de design do Brasil. São Paulo: Blucher, 2014.

PORTO ALEGRE, Manoel de Araújo. Apontamentos para a organização da Academia de Bellas Artes, feitas por ordem de Sua Majestade Imperial O Senhor Dom Pedro II – redigida por Conde de Porto Alegre. 1853. Ofícios do Diretor da Escola de Belas Artes ao Ministro do Império. Arquivo Nacional (Rio de Janeiro), IE7 16, caixa 6283, maço 82.

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Publicado

14.02.2020