ROMANCE E INTEPRETAÇÃO NACIONAL NO BRASIL: A CONTRIBUIÇÃO DO CONCEITO DE “HISTÓRIA LENTA” NUMA LEITURA DE INCIDENTE EM ANTARES
Palavras-chave:
Romance brasileiro, Literatura, Interpretação nacional, Incidente em Antares, Érico Veríssimo, História lentaResumo
Os ensaios de interpretação nacional e o romance brasileiro como sismógrafos das mudanças sociais e políticas do Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Proposição do conceito de “história lenta”, cunhado por José de Souza Martins, como síntese ou “tipo ideal” (na acepção weberiana do termo) de uma nova sensibilidade interpretativa da história nacional, orientada para a detecção de preservação de arcaísmos em processos de modernização. Identificação dessa atribuição de lentidão à história do Brasil na ensaística brasileira dos anos 1960 e 1970 (R. Faoro, F. Fernandes, F. H. Cardoso, entre outros), em seus diagnósticos sobre o processo de modernização conservadora em curso. Análise de Incidente em Antares, de Érico Veríssimo (1971), sob esse mesmo prisma: a sua representação das implicações da formação nacional brasileira sobre o presente e o futuro político do país, mediante a observação de condições atuantes na longa duração histórica, que freiam a nossa modernização ao preservarem arcaísmos em nossos processos de transição. O romance de Veríssimo é tomado como estudo de caso da afinidade do romance brasileiro com o conceito de “história lenta”, indicando-se, ao final do artigo, a potencial fecundidade daquele conceito para a historiografia do nosso romance desde a década de 1960.Referências
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