ROMANCE E INTEPRETAÇÃO NACIONAL NO BRASIL: A CONTRIBUIÇÃO DO CONCEITO DE “HISTÓRIA LENTA” NUMA LEITURA DE INCIDENTE EM ANTARES

Autores

  • Pedro Dolabela Chagas
  • Heloísa Krüger Barreto

Palavras-chave:

Romance brasileiro, Literatura, Interpretação nacional, Incidente em Antares, Érico Veríssimo, História lenta

Resumo

Os ensaios de interpretação nacional e o romance brasileiro como sismógrafos das mudanças sociais e políticas do Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Proposição do conceito de “história lenta”, cunhado por José de Souza Martins, como síntese ou “tipo ideal” (na acepção weberiana do termo) de uma nova sensibilidade interpretativa da história nacional, orientada para a detecção de preservação de arcaísmos em processos de modernização. Identificação dessa atribuição de lentidão à história do Brasil na ensaística brasileira dos anos 1960 e 1970 (R. Faoro, F. Fernandes, F. H. Cardoso, entre outros), em seus diagnósticos sobre o processo de modernização conservadora em curso. Análise de Incidente em Antares, de Érico Veríssimo (1971), sob esse mesmo prisma: a sua representação das implicações da formação nacional brasileira sobre o presente e o futuro político do país, mediante a observação de condições atuantes na longa duração histórica, que freiam a nossa modernização ao preservarem arcaísmos em nossos processos de transição. O romance de Veríssimo é tomado como estudo de caso da afinidade do romance brasileiro com o conceito de “história lenta”, indicando-se, ao final do artigo, a potencial fecundidade daquele conceito para a historiografia do nosso romance desde a década de 1960.

Referências

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Florestan Fernandes. Vocação científica e compromisso de vida. In: BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (org). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p.310-323.

BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (org). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e Desenvolvimento na América Latina: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

FAORO, Raymundo. Os donos do poder. Edição revista e ampliada. Porto Alegre/São Paulo: Globo/Edusp, 1975.

FERNANDES, Florestan. A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. São Paulo: Globo, 2006 (1ª ed. 1975).

FURLAN, Oswaldo Antônio. Estética e crítica social em Incidente em Antares. Florianópolis, UFSC, 1977.

KALBERG, STEPHEN. Max Weber: uma introdução. Tradução Vera Pereira – Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

MARTINS, José de Souza. O poder do atraso: Ensaios de Sociologia da História Lenta. Editora Hucitec: São Paulo, 1994.

MORETTI, Franco. A alma e a harpia – reflexões sobre as metas e os métodos da historiografia literária. In: Signos e estilos da modernidade. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 11-56.

OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista (1972)/O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; BOTELHO, André (org). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

STARLING, Heloísa; SCHWARCZ, Lilia Moritz. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

VERÍSSIMO, Erico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, 15 reeimpressão, 2016.

WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. IN: Weber, Sociologia (col. Organizada por Gabriel Cohn). São Paulo: Ática, 2003, p. 79-127.

WERNECK VIANNA, Luiz. A revolução passiva. Iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1997.

Downloads

Publicado

01/09/2020