A morte de Narciso e Eco ou o que podemos aprender com as águas

The death of Narcissus and Echo or what we can learn from the Waters

Autores

DOI:

https://doi.org/10.60001/ricla.v34.n1.4

Resumo

Neste artigo, pretende-se compreender a interpretação proposta por Grada Kilomba a respeito da mitologia de Narciso, apreendendo-o como a sociedade hétero branca patriarcal aficionada em si, tornando todos os outros invisíveis, e de Eco, o consenso da brancura reprodutor das imagens que ameaçam desumanizar; bem como o quanto essas imagens atravessaram séculos assombrando pessoas negras e a anunciação encarnada da morte do olhar autocontemplativo. Do mesmo modo que as Oréades choraram pela mata com a esperança de cantar e dar conforto às águas do lago, a torção epistemológica acontece pelas águas, em especial, as águas doces, o elemento vital, o fundamento da existência, associadas à visão de mundo da grande mãe ancestral Oxum, preenchendo as margens onde terminam as lacunas ocidentais e transbordam o que houve como resistência e tentativa de aterramento.

Palavras-chave: Oxum. Narciso e Eco. Pensamento negro.

Abstract

In this article we understand the interpretation proposed by Grada Kilomba regarding the mythology of Narcissus by understanding him as a patriarchal white hetero-society who is fond of himself, making all others invisible, and Echo to the consensus of whiteness that reproduces images that threaten to dehumanize; how these images have crossed centuries haunting black people and the incarnate annunciation of the death of the self-contemplative gaze. In the same way that the Oreades wept for the forest with the hope of singing and giving comfort to the waters of the lake, the epistemological twist happens through the waters, especially the fresh waters, the vital element, the foundation of existence, associated with the worldview of the great ancestral mother Oshun, filling the margins where the western gaps end and overflowing what there was as resistance and an attempt to ground.

Keywords: Oshun. Narcissus and Echo. Afrocentric perspective.

Biografia do Autor

Waleff Dias Caridade, Universidade Federal Fluminense

É psicólogo, artista interdisciplinar e pesquisador. Graduado em psicologia pela Faculdade Estácio de Macapá, mestre em artes visuais, com habilitação em ‘Arte, Imagem e Cultura’ pela Universidade de Brasília (UnB) e, atualmente, doutorando em psicologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), na área de concentração ‘Subjetividade, Política e Exclusão Social’, pesquisando processos de  subjetivação relacionados à imagem a partir do processo étnico-racial, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Hildeberto Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense

Psicólogo, docente associado do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense, campus Gragoatá.

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Publicado

30.12.2024