Psicologia aterrada: um caminho antirracista de crítica à colonialidade da psicologia brasileira

Grounded psychology: an anti-racist path of criticism of the coloniality of Brazilian psychology

Autores

DOI:

https://doi.org/10.60001/ricla.v34.n1.8

Resumo

O debate sobre a colonialidade do conhecimento nas universidades brasileiras tem sido impulsionado por diferentes movimentos sociais, como os movimentos negros, indígenas, LGBTQIAPN+, entre outros. Preocupa-nos, no entanto, a possibilidade de que esse debate recue diante da problemática do racismo e fracasse em produzir mudanças reais nas estruturas de distribuição de poder e produção de conhecimento nas diversas áreas. Essa questão tem orientado as pesquisas que realizamos no Laboratório Kitembo, em que forjamos o conceito de psicologia aterrada como um recurso orientador de nossos estudos, comprometidos com as lutas  ancestrais dos povos afro-pindorâmicos. Neste texto narramos os passos iniciais que nos levaram à formulação do conceito, destacando sua relação com a função que a terra tem para os povos tradicionais na manutenção da vida e construção do sentido de pertencimento. Articulamos também a criação do conceito com o processo de implementação da Política de Ações Afirmativas no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense, analisando as implicações ético-políticas da construção de uma psicologia antirracista. Destacamos ainda como aspectos entrelaçados e fundamentais a esse processo, a ampliação do acesso dos povos afro-pindorâmicos aos espaços de poder e construção de conhecimento em psicologia, a inclusão de temas relacionados a esses grupos nas pesquisas produzidas no âmbito da graduação e da pós-graduação, e a diversificação de referenciais epistêmicos utilizados em nossos estudos.

Palavras-chave: Psicologia aterrada. Antirracismo. Colonialidade. Ações afirmativas. Formação em psicologia.

Abstract
The debate about the coloniality of knowledge in Brazilian universities has been driven by different social movements, such as black, indigenous, LGBTQIAPN+ movements, among others. We are concerned, however, that this debate retreats from the issue of racism and fails to produce real changes in the structures of power distribution and knowledge production in different areas. This question has guided the research we carry out at the Kitembo Laboratory, where we forged the concept of grounded psychology as a guiding resource for our studies, committed to the ancestral struggles of the Afropindoramic peoples. In this text we narrate the initial steps that led us to the formulation of the concept, highlighting its relationship with the role that land has for traditional people in maintaining life and building a sense of belonging. We also articulate the creation of the concept with the process of implementing the
Affirmative Action Policy in the postgraduate program in Psychology at Universidade Federal Fluminense, analyzing the ethical-political implications of the construction of an anti-racist psychology. We also highlight as intertwined and fundamental aspects to this process, the expansion of access of Afropindoram peoples to spaces of power and construction of knowledge in psychology, the inclusion of themes related to these groups in research produced within the scope of undergraduate and postgraduate studies. and the diversification of epistemic references used in our studies.

Keywords: Grounded psychology. Antiracism. Coloniality. Affirmative actions. Training in psychology.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Viviane Pereira da Silva , Universidade Federal Fluminense

Viviane Pereira da Silva é filha de Ogum e mulher de terreiro. Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (2021). Atua como pesquisadora, terapeuta e  professora, buscando contribuir no combate ao epistemicídio dos saberes afroindígenas e na construção de uma psicologia antirracista e antipatriarcal. 

Abrahão de Oliveira Santos , PPGPsi-UFF

Docente do Instituto de Psicologia e do PPGPsi-UFF. Coordena o Kitembo — Laboratório e Estudos da Subjetividade e Cultura Afro-brasileira, onde trabalha em equipe na construção de uma psicologia aterrada, antirracista e contracolonial.

Luiza Rodrigues de Oliveira, Universidade Federal Fluminense

Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia e do Programa em Pós-graduação em Ensino de Ciências da Natureza da UFF.

Downloads

Publicado

30.12.2024