A trajetória das rezadeiras de tradição no Brasil colonial e suas formas de existência – uma análise psicossociológica

The trajectory of traditional prayers in colonial Brazil and it's forms of existence – a psychossociological analysis

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.60001/ricla.v34.n1.12

Résumé

As rezadeiras atuam no Brasil desde o período colonial e atravessaram séculos com a missão de transmitir seu legado às gerações  futuras. Uma herança ancestral, pautada em práticas de curandage integradas à espiritualidade e à relação com os elementos da natureza. O presente artigo aborda o processo de resistência às perseguições que esse grupo de tradições sofreu ao longo de sua
história. A partir de uma perspectiva psicossociológica, apresenta-se um debate teórico em torno da temática, apoiado na literatura recente. Discute-se a atuação do extenso trabalho das rezadeiras dentro de comunidades, atuando ao longo dos tempos como se fossem conselheiras, médicas, farmacêuticas e parteiras, sendo um verdadeiro amparo para muitas famílias. Conclui-se, por suas práticas mágico-religiosas, que sofreram perseguições da Igreja católica, no período da Inquisição, e da comunidade médica, devido à utilização de recursos da medicina natural para curandage; hoje as rezadeiras vivem sob o medo pelo crescimento da intolerância religiosa. Com as pressões sofridas em todo o seu percurso, esse grupo de tradições foi desaparecendo e, apesar de seu ofício ser reconhecido como patrimônio imaterial, são poucas as que ainda resistem atuando nas periferias das grandes cidades e nas zonas rurais.

Palavras-chave: Rezadeiras. Curandeiras. Brasil. Memória social. Psicossociologia. Ocupações tradicionais.

Abstract
Prayers have been working in Brazil since the colonial period, spanning centuries with the mission of transmitting their legacy to future generations. An ancestral heritage, based on healing practices integrated with spirituality and the relationship with the elements of nature. This article addresses the process of resistance to the persecution that this group of traditions has suffered throughout its history. From a psychosociological perspective, a theoretical debate around the topic is presented, supported by recent literature. The
extensive work of prayer women within communities is discussed, acting over time as if they were counselors, doctors, pharmacists and midwives, being a true support for many families. It is concluded that their magical-religious practices, which suffered persecution from the Catholic Church during the period of the Inquisition; of the medical community for using natural medicine resources for
healing. Today they live in fear of the growth of religious intolerance. With the pressures suffered throughout their journey, this group of traditions disappeared and despite their craft being recognized as intangible heritage, there are few that still resist operating on the outskirts of large cities and in rural areas.

Keywords: Prayers. Healers. Brazil. Social memory. Psychosociology. Traditional occupations.

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Bibliographies de l'auteur-e

Andrea Goncalves da Luz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda em psicossociologia de comunidades e ecologia social no Programa de Pós-graduacão Eicos/UFRJ. Integrante do grupo de pesquisas no Laboratório Memórias, ocupações e territórios: rastros sensíveis - Labmems (CNPQ). Bolsista da Capes. Mestre em Psicanálise e Políticas Públicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.

Margareth Alves Pontes , Universidade Federal do Amazonas

Graduação em terapia ocupacional - Ufscar, especialização em morfoanálise, especialização em antropologia da saúde - Fiocruz/AM. Mestrado em saúde pública pela Universidad Americana - PY e doutorado em psicossociologia de comunidades e ecologia social - UFRJ. Trabalho no Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas - Ufam e no Caps AD Afrânio Soares em Manaus.

Samira Lima da Costa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Terapeuta ocupacional, psicossocióloga, pós-doutora em antropologia social. Professora associada da FM/CCS/UFRJ. Coordenadora dos grupos de pesquisa "Laboratório de Memórias, Territórios e Ocupações - rastros sensíveis" e "Sabedorias silenciosas e ecoespiritualidade".

Cláudia Reinoso Araújo de Carvalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora associada de Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da  Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social do Instituto de Psicologia da UFRJ (saúde pública pela  Ensp/Fiocruz/IP/UFRJ). Doutora e mestre em saúde pública pela Ensp/Fiocruz.

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Publié-e

2024-12-30